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Opinião

A descoberta de Vítor Bruno

Vítor Bruno nunca deu a ideia de desprezo pelos problemas coletivos, podendo ou não resolvê-los. Tentou sempre. Tem lidado com momentos de forma (Otávio, Alan Varela, Iván Jaime) e até de indisciplina, como aconteceu recentemente com Fábio Vieira, sem deixar cair ninguém. A exigência que os adeptos do FC Porto lhe colocam não parece superior à que o próprio coloca sobre os ombros. A maior vitória do treinador foi conquistar o direito ao tempo

Diogo Cardoso

A época do Porto começou mergulhada numa maré de otimismo, à espera de perceber o que valiam André Villas-Boas e Vítor Bruno. Apesar da queda de Pinto da Costa e da difícil separação entre o clube e Sérgio Conceição, com o adjunto acusado de atacar pelas costas, o triunfo épico na Supertaça reforçou o sentimento de que o “ano zero” só acontecia aos outros. Na prática, não tem sido assim. O caminho faz-se por areias movediças, que provocam sentimentos diferentes aos adeptos azuis e brancos. As frágeis certezas do treinador, também porque os reforços entraram tarde, refletiram-se num banho de realidade. Vira para 2025 com a casa mais arrumada.

Em termos de construção coletiva, há dois momentos que obrigaram Vítor Bruno a adaptar-se. A permanência de Galeno – que esteve de malas feitas para a Arábia Saudita – choca com a entrada de Francisco Moura, até porque o brasileiro ia garantindo rendimento como lateral-esquerdo. A partir daí, e para acomodar o reforço ex-Famalicão, subiu no terreno. O outro fator é a contratação surpresa de Samu, ponta de lança cobiçado e para ter impacto imediato. Pelas debilidades técnicas, não consegue contribuir ativamente na criação, mas é temível a atacar espaços e na resposta a cruzamentos. O Porto sente a necessidade de o servir – ou não estivéssemos a falar do melhor marcador da equipa.