Nos últimos meses temos dedicado parte significativa do nosso tempo à formação de árbitros e árbitras nacionais. Em simultâneo, os Conselhos de Arbitragem Distritais/Regionais têm feito o mesmo em relação aos seus agentes de arbitragem.
Falar de arbitragem é falar de exigência, de atualização permanente e de responsabilidade.
Sei que não terão noção disso, mas essa é uma das formas de assegurarmos que quem entra em campo está preparado para responder aos desafios de um jogo cada vez mais rápido, visível e escrutinado.
Segundo dados da época passada, temos 674 árbitros e árbitras nos nossos quadros nacionais (de todas as variantes, incluindo assistentes e vídeo árbitros).
Tentamos que cada um seja objeto de acompanhamento, avaliação e capacitação, através de um conjunto de técnicos e assessores afetos a cada categoria. A lógica é simples: para chegar ao topo, é preciso trabalho de proximidade, para limar arestas e potenciar talento.
Foi também com isso em mente que organizámos os habituais cursos e estágios de início de época. A ideia? Potenciar o melhor de cada um, independentemente do estatuto, idade ou experiência. Nessas ações trabalhamos conteúdos técnicos e tomada de decisão, capacitamos o físico, promovemos sessões lúdicas e dedicamos muito tempo à gestão emocional, comunicação, imagem e trabalho de equipa.
A arbitragem do futebol moderno exige árbitros completos, capazes de decidir em segundos, mas sobretudo de liderar, dialogar e inspirar respeito nos vários intervenientes do jogo.
Apostámos igualmente na integração e qualificação das nossas árbitras — tal como eles, começam agora a marcar presença em grandes competições internacionais —, parte fundamental do crescimento que idealizámos a médio/longo prazo.
A diversidade e a igualdade de oportunidades não são apenas chavões: são realidades concretas que procuramos reforçar todos os dias, da base ao topo.
Nesta equação entra a vídeo tecnologia, ferramenta essencial no apuramento da verdade desportiva, mas que só tem eficácia se for manuseada por pessoas competentes, focadas e preparadas. Por isso, recorremos a exercícios recorrentes, como os que simulam decisões offline em ambiente controlado. É um caminho exigente, mas entusiasmante.
No fundo, o que queremos é simples: que cada árbitro se sinta confiante, motivado e habilitado. Que sinta que há uma estrutura ao seu lado, que exige mas apoia, que corrige mas elogia, que esclarece mas entende.
Não prometemos perfeição nem ausência de penáltis polémicos, até porque esses nascem quase sempre da ressaca de três ou quatro jogos por jornada. O que prometemos é que em todos os milhares que se disputam semanalmente daremos a mesma importância e tratamento. Estamos cientes que a credibilidade da classe assebta na perceção fabricada no topo da pirâmide, mas é para essa que trabalhamos quando insistimos no rigor mais “abaixo”.
O que podemos prometer é transparência de processos e trabalho constante, para que o nível da arbitragem portuguesa continue a melhorar.
Esse é um compromisso com os árbitros, com o futebol e, acima de tudo, com todos os que acreditam que este jogo só é verdadeiramente justo se for bem arbitrado, bem jogado, bem treinado e escrutinado.