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Opinião

O teimoso Amorim vence o adaptável Jesus: ninguém estava preparado para um Sporting tão superior

Poder-se-ia analisar os erros na abordagem defensiva ao jogo, a expetativa de superioridade individual e consequente superação nos confrontos de um contra um do Benfica, mas não há nada que deixe o treinador Blessing Lumueno mais em alerta, na sua análise ao dérbi, do que o estado de calamidade em que estão as intenções coletivas ofensivas do Benfica. Se houvesse uma forma curta de resumir o que a equipa de Jorge Jesus tem demonstrado quando tem a bola, é a que parece ter sido dita uma frase aos jogadores: arranjem vocês as soluções para atacar

Carlos Rodrigues/Getty

A característica que todos apontam como sendo diferenciadora do treinador português, comparativamente aos treinadores do resto do mundo, é a adaptabilidade. E ainda que a grande ideologia dos melhores treinadores do mundo seja a teimosia, e as melhores equipas do mundo sejam aquelas que têm características marcantes que repetem de jogo para jogo, em Portugal continuamos a cair na análise fácil de se pensar que será melhor equipa aquela que jogar o que o jogo der, e não aquela que em cada jogo consegue ser forte no que trabalha habitualmente.

Há uma diferença enorme entre aproveitar as características do jogo para superar o adversário e alterar o contexto do jogo para favorecer as características que são as regularidades trabalhadas. Por isso, quando os treinadores ganham e dizem que o jogo estava a pedir determinadas características, determinado tipo de jogador, desconfio sempre.

E sendo verdade que o Benfica fez por favorecer as características do Sporting, Rúben Amorim desfila triunfante na Luz por ter, em jogos que a equipa não esteve tão bem, procurado jogar o seu jogo: ataque constante às costas da defesa, e serviço para o espaço entre defesas e guarda-redes ou passe atrasado.