Numa estafeta sente-se tudo a quadruplicar. O testemunho é o único que rodopia durante quatro voltas. Os pares de pernas revezam-se, mas a apoteose emocional é constante em todos, mesmo que a missão tenha sido reencaminhada para a velocidade de outro.
Portugal não pode deixar de notar uma ligeira dor por ter prejudicado o desempenho devido a uma incorreta transmissão entre João Coelho e Ricardo Santos. O escorregadio testemunho ficou a nadar em pista e a prestação afundou-se. Na estreia em Mundiais, do quarteto fantástico nos 4x400 metros, Portugal ficou no nono e último lugar (3:09.06).
Quanto mais rápido terminassem, mais rápido fugiam à intempérie que pingou sobre Tóquio. Sem toucas nem barbatanas, mas com pujança para evoluir em pista, a equipa portuguesa lutava para integrar a primeira metade da prova quando o erro se verificou. Os neerlandeses e os jamaicanos, por exemplo, iam comendo o pó (neste caso, bebendo a água) dos atletas nacionais. Apesar de ter sempre existido uma demarcada distância para o Botsuana (ouro, 2:57.76), que se sagrou campeão do mundo, os Estados Unidos (prata, 2:57.83) e a África do Sul (bronze, 2:57.83), o resultado parecia promissor antes do descalabro.
Pedro Afonso, Omar Elkhatib, João Coelho e Ericsson Tavares (rendido por Ricardo Santos na corrida de atribuição de medalhas) tinham tido a sua dose de euforia na meia-final. Logo aí bateram o recorde nacional (2:59.70) e beneficiaram da desqualificação do Brasil e da Austrália para seguirem em frente. Os portugueses chegaram muito além do que era suposto e lançaram o alerta quanto à necessidade de lhes continuarmos a prestar atenção.