Modalidades

Rivais, amigas e gémeas vão competir nos inéditos Mundiais de ginástica rítmica em ano olímpico

Entre manter o ouro "numa questão familiar" no meio das irmãs Averina e a determinação de vencer o primeiro título para a maioria das competidoras, as mais de 200 ginastas que participarão nos Campeonatos do Mundo de ginástica rítmica, que arrancam na quarta-feira em Kitakyushu, no Japão, brilharão com luz própria para finalizar a longa temporada

Arina Averina da Rússia, a irmã gémea de Dina Averina
Matthias Hangst

Tribuna Expresso

Sobre o tapete creme e macio (típico desta modalidade) os arcos, bolas, maças e fitas, juntamente os fatos de cores fortes e vibrantes com milhares de pedras preciosas brilhantes das ginastas, serão o centro das atenções nos Campeonatos do Mundo de ginástica rítmica em Kitakyushu, cidade na região de Fukuoka, no Japão.

A competição decorrerá de quarta-feira a domingo e mais de 200 ginastas (entre provas individuais e de conjuntos) lutarão pelas honras de subir ao pódio ou, simplesmente, desfrutarem da competição. Rita Araújo representará Portugal, no que será a sua segunda participação em competições deste nível.

Ao contrário de outras edições da prova, esta terá a duração de cinco dias — três para individuais e dois para conjuntos —, para poupar as ginastas de cansaço físico e mental e também por questões de direitos televisivos.

A competição terá início esta quarta-feira com as qualificações de arco e bola, de onde as oito melhores passarão às finais por aparelhos. O mesmo sucederá na quinta-feira, mas com maças e fita. Das qualificações também se determinará as 18 melhores ginastas que participarão na mítica final do all-around (concurso geral), que será no sábado.

Já a competição de conjuntos, será dividida em dois dias: o primeiro, sexta-feira com o all-around e a consequente qualificação para as finais, onde passam os oito melhores conjuntos. A competição encerrará no domingo, 31 de outubro, com as finais por aparelho dos conjuntos, com cinco bolas e três arcos e dois pares de maças.

São uns campeonatos do mundo por si já históricos por decorrerem no mesmo ano que os Jogos Olímpicos (algo inédito) e contarão com uma mistura de ginastas da nova geração e de veteranas. Todas as participantes terão que ter no mínimo 16 anos e será possível assistir às finais da competição em direto em Portugal, na RTP2.

Mais história para as gémeas Averina

Uma dessas veteranas são as irmãs Averina, que têm dominado o circuito internacional desde 2017. Mas, este ano não será mais “uma questão de manter o ouro na família”, como referem em tantas entrevistas.

Para Dina Averina, a campeã do mundo no all-around entre 2017 e 2019, será uma oportunidade de reescrever a história. A russa de 23 anos tentará bater o recorde de medalhas de ouro em campeonatos do mundo.

Atualmente, o recorde é de 17 medalhas de ouro, pertencendo à bicampeã olímpica (2008 e 2012), Evgenia Kanaeva. Dina subiu 13 vezes ao lugar mais alto do pódio e mais quatro vezes faria dela a ginasta com mais medalhas, só em mundiais.

Mas, para isso acontecer, terá de superar a grande competição das bielorrussas, búlgaras e italianas, que tentarão aproveitar a ausência da comitiva israelita, liderada pela campeã olímpica em Tóquio, Linoy Ashram.

Determinação de Alina Harnasko

Uma das ginastas que tem isso como objetivo é Alina Harnasko, a bielorrussa de 20 anos, medalha de bronze em Tóquio — e para quem o bronze não é suficiente. “Tenho os maiores objetivos porque ainda não tenho qualquer título em campeonatos do mundo”, disse, numa entrevista recente à FIG.

A ginasta de 20 anos, nascida em Minsk, competirá nos seus terceiros mundiais desde 2017 e já tem 12 medalhas entre campeonatos do mundo e da Europa, mas nenhum título de campeã mundial.

Alina Harnasko da Bielorrússia nos Jogos Olímpicos de Tóquio
NurPhoto

Competição de conjuntos com cheiro aos Jogos Olímpicos

Depois, nas provas por conjuntos, também se preveem muitas perseguições renhidas às medalhas incluindo os que subiram ao pódio este verão em Tóquio também querem adoçar um pouco mais a temporada longa, que arrancou em fevereiro.

Os grupos da Bulgária, Rússia (competindo como Federação de Ginástica Russa) e Itália são os principais candidatos ao pódio, mas terão a forte oposição do grupo bielorrusso e, também, do conjunto da casa, que procura algo melhor que o oitavo e último lugar alcançado nos Jogos Olímpicos.

Mas antes de terem partido novamente para o país asiático, houve duas paragens na Europa para testarem os seus exercícios mais uma vez em competição: o Grande Prémio de Marbella e a Taça do Mundo de Cluj-Napoca, na Roménia, ambas realizadas entre 15 e 17 de outubro.

Em Marbella, o domínio foi quase russo, com a nova promessa russa, Lala Kramarenko a levar quatro das cinco medalhas de ouro disponíveis. Essa medalha de ouro foi ganha na final de maças por Sofia Raffaeli, italiana de 17 anos que competirá esta semana nos seus primeiros Mundiais.

Em conjuntos, a seleção búlgara foi totalmente dominadora, conquistando as três medalhas de ouro com exercícios extremamente complexos, mostrando mais uma vez o seu favoritismo para Kitakyushu.

Conjunto italiano nos Jogos Olímpicos de Tóquio
LIONEL BONAVENTURE

Um pouco mais longe, na Roménia, o domínio na competição individual foi da búlgara, Boryana Kaleyn, que terminou em quinto nas Olimpíadas de Tóquio, este verão. Mesmo assim, as amigas italianas Milena Baldassarri e Alexandra Agiurgiuculese, e a russa, Daria Trubnikova arrecadaram algumas medalhas para dar mais brilho ao seu currículo.

Já na competição de conjuntos, a hegemonia foi toda italiana. As farfalle (borboletas), como são conhecidas, ganharam as três medalhas de ouro disponíveis, conseguindo algumas das suas melhoras notas este ano e afirmaram-se como as principais rivais do conjunto búlgaro para estes mundiais.

Com ou sem medalhas, as ginastas amigas e rivais deste nível de elite lutarão por escrever a sua própria história e, juntamente com as grandes campeãs, darão o brilho necessário para este fecho de temporada.

*este texto foi escrito por Mariana Alves Antunes e editado por Diogo Pombo.