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Mundiais de Atletismo: João Vieira faz história com 20.º lugar na 14.ª participação, Joana Pontes foi 27.ª

Nos 35 quilómetros marcha, prova no arranque das competições em Tóquio, o português de 49 anos estabeleceu o recorde de presenças em Mundiais. Vieira conseguiu o melhor resultado de Portugal de sempre na distância, enquanto Joana Pontes logrou um novo máximo pessoal

Christian Petersen

O português João Vieira terminou a sua 14.ª participação em Mundiais de atletismo com o 20.º lugar nos 35 quilómetros marcha, em Tóquio 2025, com Joana Pontes a concluir a mesma distância no 27.º posto, com recorde pessoal.

O veterano atleta, de 49 anos, confirmou o recorde de presenças em Campeonatos do Mundo, cumprindo o pleno desde Sevilha 1999, e destacando-se do também marchador espanhol Jesús Ángel García.

O vice-campeão do mundo nos 50 quilómetros em Doha 2019 e medalha de bronze nos 20 em Moscovo 2013 empreendeu uma corrida de trás para a frente, conseguindo subir duas dezenas de lugares, após o 10.º quilómetro da prova inaugural da 20.ª edição dos campeonatos, que retomou o início e o fim no Estádio Nacional do Japão. João Vieira terminou no 20.º lugar, com o tempo de 02:38.20 horas, a sete minutos do seu recorde nacional (02:31.41), mas estabelecendo o melhor resultado luso de sempre na distância, depois do 39.º posto de Rui Coelho, em Oregon 2022 (02:44.55).

O primeiro dos 49 campeões do mundo a serem consagrados em Tóquio2025 foi o canadiano Evan Dunfee, que venceu a prova em 02:28.22 horas, ao gastar menos 33 segundos do que o marchador brasileiro do Benfica Caio Bonfim, que juntou esta medalha de prata à olímpica de Paris 2024. O japonês Hayato Katsuki terminou no terceiro posto, em 02:29.16, oferecendo o primeiro pódio à nação anfitriã.

Christian Petersen

A prova feminina foi disputada em simultâneo e vencida destacadamente pela espanhola Maria Pérez, em 02:39.01 horas, com a italiana Antonella Palmisano e a equatoriana Paula Milena Torres a ocuparem o segundo e terceiro lugares, a 03.23 e 03.43 minutos, respetivamente.

A portuguesa Joana Pontes, de 25 anos, cumpriu a sua estreia em Mundiais com o 27.º lugar, em 03:09.07 horas, retirando mais de dois minutos à sua anterior melhor marca (03:11,18, que tinha sido alcançada em julho). O melhor resultado nacional na distância continua a ser o 13.º lugar alcançado em Oregon2022 por Inês Henriques, detentora do recorde nacional desde 2018, com o tempo de 02:45.51.

A felicidade do veterano

João Vieira confirmou ser "especial" efetuar a 14.ª presença consecutiva em Campeonatos do Mundo de atletismo."Eu já não sou um jovem para conseguir andar com os da frente, por isso, tenho de estar contente com o resultado que atingi. Fui 20.º e vim para aqui como 40.º, ultrapassei metade e isso é importante para mim. A minha treinadora [e esposa, a antiga marchadora Vera Santos] costuma dizer que se fosse para todos, não era para mim, porque diz que eu sou especial", recordou, emocionado, o elemento mais veterano da delegação portuguesa.

"Tenho de estar satisfeito com o meu resultado, apesar de, este ano, ter estado aqui sem a minha treinadora, estou aqui de pedra e cal e provei que mereço estar aqui", vincou veterano.

"O primeiro objetivo era terminar a prova. Era o mais importante, porque nos últimos Campeonatos do Mundo não terminei as provas de 35 quilómetros. Acabei de cabeça erguida, depois de ter lutado com todas as minhas forças, apesar do percalço à saída do estádio", salientou.

Daí para a frente, com mais de 30 quilómetros para percorrer, ao longo dos quais ultrapassou duas dezenas de atletas, manteve o foco, com o pensamento na família. "Continuei com a mente forte para poder dedicar esta prova à minha treinadora e esposa e à minha filha, que são as pessoas que estão comigo todos os dias, todas as horas, todos os minutos, a controlar o meu treino e o meu descanso. Saio satisfeito, 15 Campeonatos do Mundo são muitos campeonatos, é verdade que não tive só sucessos, mas vamos continuar na luta e eu vou querer estar aí, com as mesmas ganas”, prometeu.

Ao decano da marcha mundial fica agora a faltar o recorde do mais velho participante, isto porque hoje, o português nascido em Portimão e radicado em Rio Maior, é 101 dias mais jovem do que Jesús Ángel García em 29 de setembro de 2019, que, nessa mesma prova, no Qatar, se tornou no mais velho de sempre em Mundiais com 49 anos e 346 dias.