Estiveram apenas sete atletas femininas, integradas na prova masculina, devido ao atraso na decisão do tempo mínimo para participar na distância.A portuguesa saiu na frente e fez parte considerável do percurso na companhia de uma atleta chinesa, antes de se isolar e passar, literalmente, a marchar contra o relógio.
Sozinha, com um chapéu branco, sapatilhas pretas e óculos escuros, Inês Henriques entrou para os últimos dois quilómetros com a certeza de que tinha à sua mercê uma nova marca mundial. Mantendo um ritmo forte, foi deixando as perseguidoras, duas chinesas, cada vez mais para trás.
Eram 11h52 em Lisboa quando a Inês Henriques, 37 anos, cortou a meta, com uma bandeira de Portugal na mão, fixando um novo recorde mundial: 4h05m56 segundos. O anterior recorde já era seu, obtido 15 de janeiro de 2017 em Porto de Mós.
No final da prova de Londres, Inês Henriques disse que ainda não conseguia "acreditar". "Ao terminar e verificar que consegui concretizar esse grande sonho foi fantástico. Ainda não acredito muito bem". A atleta portuguesa destacou os 25 anos de carreira e de trabalho. "Nunca fui um talento, sempre fui muito trabalhadora e isto serva para dizer que podemos não ser fantásticos, mas que se trabalharmos podemos lá chegar. E isso devo-o aos meus pais. Eles devem estar muito orgulhosos e o meu pai, que é sempre muito forte, de certeza que hoje lhe veio a lágrima aos olhos"
A atleta de Rio Maior considerou também que a vitória e o recorde do mundo tiveram um sabor ainda mais doce por ter sido a primeira prova de 50 km Marcha feminina nos mundiais de atletismo. "A primeira conquista foi as mulheres estarem cá. Consegui voltar a fazer recorde do mundo, mas queria demonstrar que as mulheres podem fazer isto. É duro."
Outra atleta portuguesa, Ana Cabecinha, terminou em sexto lugar a prova de 20 km Marcha, que começou logo após o fim dos 50km.