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Crónica

Southgate usou ovos para fazer papas de aveia

Entre 2008 e 2012 a melhor seleção do mundo era a espanhola e por isso queríamos que perdesse. Em 2024, a melhor seleção do Europeu foi a espanhola e por isso queríamos que ganhasse contra um treinador inglês apostado em ir o mais longe possível aproveitando ao mínimo o talento ao seu dispor, escreve Bruno Vieira Amaral

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Não sei se esta seleção de Espanha é melhor que a do tiki-taka, mas é muito mais divertida. A do período de ouro entre 2008-2012 era quase impossível de bater – o tiki-taka era um sistema essencialmente defensivo – e isso seria agradável para um adepto espanhol que assistia tranquilamente aos jogos da seleção sabendo que o principal obstáculo era a tradição nacional de não ganhar.

Para os neutrais, nunca houve um domínio tão aborrecido e previsível. Agora fomos recompensados com uma Espanha que entusiasma, que trata bem a bola mas joga com os olhos na baliza, que não se importa de perder na estatística da posse e que não usa o argumento dos mil passes como uma espécie de prémio de consolação para a ineficácia e a esterilidade, a bandeira do orgulho e da impotência.