Mesmo sem perceber as complexas motivações, algumas de cariz psicológico, de todos os atores da novela futebolística que tem dominado o verão, confesso que o drama internacional da transferência de Gyökeres, misto de melodrama turco e thriller beckettiano, me tem divertido bastante. Enquanto aguardo a adaptação televisiva, emociono-me com as novidades que os jornais vão libertando com uma volúpia sensacionalista: as dolorosas e milionárias cedências do agente, a namorada portuguesa dispensada dos seus deveres secundários, as lágrimas do progenitor de Gyökeres, a frieza marmórea de Frederico Varandas, nitidamente excitado com a descoberta dos prazeres do poder negocial.
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À espera de Gyökeres
Bruno Vieira Amaral diz que a novela Gyökeres faz-lhe biblicamente lembrar o pobre Jacob que, depois de sete anos a servir o futuro sogro, Labão, na esperança de desposar a filha deste, Raquel, recebe Lia, a filha mais velha, e vê-se obrigado a cuidar mais sete anos dos rebanhos do sogro. Labão está constantemente a enganá-lo até que Jacob lhe diz: “Antes de eu chegar, tinhas pouco, mas agora és rico”. Nada disto amolece Labão cuja fortuna, que deve ao genro, lhe dá uma enorme vantagem negocial