A equipa principal de futebol ganhara na véspera, este sábado era dia para os sócios se reunirem Assembleia-Geral do Benfica em circunstâncias se não conturbadas, então delicadas: a equipa principal de futebol vai no segundo treinador da temporada, em campo as exibições não animam e, daqui a pouco menos de um mês, a 25 de outubro, há eleições, às quais concorrem meia dúzia de candidatos. Durante a manhã da cimeira de sócios encarnados, pelo que saiu cá para fora, houve um momento de rocambolismo na sessão quando um desses pretendentes tentou falar aos presentes.
Sendo uma ocasião restrita a sócios, fechada a câmaras de televisão, mas não às dos telemóveis dos presentes, em alguns vídeos gravados por adeptos no interior do Pavilhão da Luz, e revelados pelo canal “NOW”, viu-se Luís Filipe Vieira a subir ao palco, colocar-se no púlpito e motivar bastante ruído - uma mistura de assobios, apupos e gritos. O antigo presidente encarnados, como qualquer sócio que peça a palavra, tinha direito a três minutos no microfone e nunca chegou a falar devido ao barulho que não cessava.
Mais vídeos pareceram mostrar o caldo a entornar, pouco depois. Já fora do palco, viu-se Vieira a discutir no meio de um pequeno grupo de pessoas, em torno do qual se encontrava Rui Costa, presidente do Benfica que de manhã falou aos sócios para apresentar um resumo dos resultados das contas do clube, relativas à época 2024/25. Noutro vídeo divulgado, mostrou uma zaragata com agarrões e empurrões entre algumas dezenas de sócios.
“Isto já vem do passado, há aqui um grupo tem a ver com aquele Movimento Servir o Benfica, acordaram todos, desafiaram outros, e não pude falar, tive de sair da sala”, diria Vieira, já fora do pavilhão, a caminhar nas imediações do Estádio da Luz. “Mas vamos falar, é lógico”, garantiu. E se na AG do Benfica, retomada às 13h30 para a sessão da tarde, voltar a ser recebido, aquando de nova tentativa de intervenção, com ofensas e insultos? “Esses vão para a rua”, declarou às televisões que esperavam à saída do local, antes de o porta-voz da sua candidatura, Bruno Batista, deixar uma queixa: “Não respeitaram a democracia de deixar falar Luís Filipe Vieira, diria que foram uns 300 sócios.”
Não foi o único candidato a manifestar-se, com brevidade, já fora do pavilhão. Em poucas palavras, João Diogo Manteigas quis ser perentório sem comentar os acontecimentos: “Vamos lá perceber uma coisa, o que acontece na AG do Benfica fica na AG do Benfica.” Martim Mayer seria mais descritivo. “Há que ter civilidade, perceber quais os interesses do Benfica, nenhum interesse pessoal se sobrepõe ao do Benfica. É disto que somos feitos, vamos respirar. Tentámos encontrar condições para que a AG se retomasse com normalidade”, explicou.
Nas eleições de há quatro anos, Rui Costa foi eleito presidente do Benfica com 84,48% dos votos, contra os 12,24% de Francisco Benítez, no ato eleitoral mais concorrido da história do clube benfiquista, com 40.085 votantes.