As últimas semanas do ano civil não são as mais mediáticas do mundo do ténis. Disputados todos os principais torneios, quer no ATP, quer no WTA, é, para a maioria dos profissionais das raquetes, tempo de férias ou de pequenas pré-épocas, trabalhando já com olhos postos na nova temporada, que arranca logo em janeiro com o Open da Austrália, o primeiro major do calendário.
Ora, na versão feminina, o torneio da Oceânia terá, pela primeira vez desde 2017, presença portuguesa. E a responsável é Francisca Jorge, a jogadora de 23 anos de Guimarães.
‘Kika' aproveitou as últimas semanas, as tais que não associamos mentalmente com o ténis, para atravessar o Atlântico e ter uma excelente série de resultados. Primeiro, no W40 de Veracruz, no México, chegou às meias-finais. Depois venceu o W25 de Mogi das Cruzes, no Brasil. A série terminou com nova final, desta feita no W60 de Vacaria, na qual perdeu, em duas partidas (3-6, 6-3 e 6-2) contra a francesa Selena Janicijevic (287.ª do ranking WTA).
Jorge terminou uma série de nove vitórias seguidas mas, com 12 triunfos nos últimos 14 compromissos, deu um grande salto na hierarquia mundial: do 271.ª lugar atual saltará, na próxima atualização da lista (na segunda-feira, 18 de dezembro), para 211.ª, posto que lhe permitirá estar no qualifying do Open da Austrália.
Francisca Jorge é a melhor jogadora de uma geração de tenistas que luta por dar uma referência no feminino que vem escasseando a Portugal.
A minhoto será a sexta jogadora nacional entre as 250 melhores do mundo, depois de Michelle Larcher de Brito (que chegou a ser 76.ª do mundo), Maria João Koelher (que foi 102.ª), Neuza Silva (a atual capitã da seleção nacional foi 133.ª), Frederica Piedade (teve 142.ª como melhor colocação) e Sofia Prazeres (foi 152.ª).
As cinco mulheres acima citadas foram, também, as únicas portuguesas que estiveram em torneios do Grand Slam. Apenas Michelle Brito, Neuza Silva e Maria João Koehler conseguiram estar no quadro principal, feito que ‘Kika’ tentará igualar.
Desde os tempos de Michelle Brito que nenhuma tenista nacional está na qualificação de um dos quatro principais torneios do calendário. Em janeiro, na Austrália, Jorge terminará um jejum que dura desde 2017, quando Michelle caiu na segunda ronda do qualifying de Wimbledon, antes de terminar a carreira.
Ainda antes desta boa fase, Francisca Jorge já vinha subindo no ranking WTA. Em julho chegou a ser 324.ª da hierarquia, mais de 100 posições abaixo do lugar que agora passará a ocupar.
A minhoto destaca-se, também, na variante de pares, particularmente com a dupla que forma com a sua irmã, Matilde. No ranking de pares, Francisca é a 139.ª do mundo, enquanto Matilde, de 19 anos, é 142.ª (em singulares a mais nova das irmãs está no lugar 580).
A jornada prosseguirá agora na Oceânia, onde a qualificação começará a 8 de janeiro.