“Não fomos competentes, assumimos. Se não acreditar [no título] e não passar essa mensagem, mais vale irmos embora já.”
As palavras foram ditas por Paulo Freitas, selecionador nacional, quando o otimismo estava perto do chão do pavilhão, não muito animado, após Portugal perder os três jogos da fase inicial do Campeonato da Europa contra Itália, França e Espanha, por esta ordem. Bem dizia o treinador, “não há como esconder”, mas fazia a ressalva: “Não defrontou o Uganda ou os Camarões.”
Pois não, tivera pela frente três candidatas ao título tal e qual a seleção nacional, que se recompôs do começo titubeante, apertou os patins, ganhou à Espanha na meia-final após se livrar de Andorra nos ‘quartos’ para marcar o reencontro, na final do pavilhão de Lordelo, em Paredes, contra os franceses. Quando Rafa Bessa, a menos de um minuto do desfecho da partida, marcou o quarto golo português, a arena quase se desmoronou em efusão.
Com menos um jogador em campo, a seleção selava a vitória, por 4-1, para conquistar o Europeu pela 22.ª vez na história. A última já se via algo ao longe, acontecera em 2016, também dentro de portas, não em Paredes mas em Oliveira de Azeméis. Poucos minutos após o fecho do jogo, ainda os jogadores se ajoelhavam no campo e trocavam abraços, o público berrou o hino nacional - era um título ansiado, que motivava saudades.
País de forte tradição em ter gente a rolar com patins sobre quadras, Portugal engordou o seu peso nesta competição: em 56 edições do Europeu, a seleção nacional é a que mais vezes o conquistou (22, à frente das 19 de Espanha e as 12 de Inglaterra), somando 45 medalhas no total.
Com o filho no colo, Paulo Freitas disse, no final e ao microfone da RTP, que a conquista veio de “uma equipa com muito coração, com muita alma, e muita razão também”, afirmando-se “muito orgulho por liderar esta rapaziada”. Esta que recuperou de um início turbulento. “Era com isto que sonhava, dar uma alegria a todo o mundo do hóquei, a todos os portugueses, a toda a gente que aqui está”, confessou, emocionado por estar de saída da seleção nacional.
“Nunca deixei de acreditar.”