A história em Paris, num dos courts de Roland-Garros, fez-se perante uma das tenistas mais especiais do circuito, Ons Jabeur. Depois de perder o primeiro set, somando erros e sucumbindo a inevitabilidades geradas pelo ténis da tunisina, a brasileira Beatriz Haddad Maia manteve o foco competitivo, no segundo set superou a rival num bom tiebreak com uma mentalidade afiada e a seguir, já com a ginga nos pés e a tensão certa na mão que segurava a raquete, a paulista despachou a número 7 do mundo com um revelador 6-1.
Não se via uma brasileira nas meias-finais do torneio parisiense desde 1964, quando Maria Esther Bueno ali chegou, atingindo mesmo a final, perdendo depois para a australiana Margaret Smith. Segundo o “Globo Esporte”, nenhuma brasileira chegava a esta fase de um torneio do Grand Slam, às derradeiras quatro concorrentes pelo título, desde 1968. Mais uma vez, Haddad Maia, que nunca alcançara a segunda ronda de um major, sucede a Esther Bueno (US Open).
“Desde o começo da minha carreira, eu passei por muitas barreiras”, desabafou a tenista, de 27 anos, após eliminar Jabeur. “Tudo na minha carreira foi aos poucos, nunca fui rompedora, estou muito feliz, ainda mais porque a Ons é uma jogadora que respeito muito. Fui muito disciplinada. Eu estou muito feliz, estou vivendo um sonho, trabalhei duro para estar aqui.”
O ténis corre nesta família brasileira há muito tempo. A avó e a mãe de Beatriz – Arlette Scaff Haddad e Lais Scaff Haddad – foram tenistas com alguma importância no Brasil. Nascida em São Paulo, em 1996, a agora semifinalista de Roland-Garros começou a jogar aos cinco anos de idade.
Pelo caminho, no torneio de singulares, deixou Tatjana Maria, Diana Schneider, Ekaterina Alexandrova, Sara Sorribes Tormo e agora Ons Jabeur, uma das mais talentosas do WTA. No quadro de pares, jogando lado a lado com Victoria Azarenka, a brasileira (12.º do ranking) caiu nos 16 avos de final aos pés de Jessica Pegula e Coco Gauff, uma tenista que pode encontrar na semifinal disputada na quinta-feira, a partir das 15h.
Ou Coco Gauff ou Iga Swiatek, a papa-títulos que lidera o ranking. No momento em que este artigo foi publicado, as duas tenistas disputavam ainda o primeiro set. A outra meia-final é entre Karolina Muchova e Aryna Sabalenka. Seja qual for o desfecho para Haddad Maia, a tenista brasileira deverá configurar no próximo top-10 do WTA.