As sedes do Sporting Clube de Braga e do Vitória de Guimarães foram alvo de buscas, na manhã desta quarta-feira, devido a suspeitas de irregularidades em negócios de transferência de jogadores no âmbito da Operação Fora de Jogo, que já deu origem a seis inquéritos nos quais já foram constituídos 129 arguidos. No total, estão a ser realizadas duas dezenas de buscas domiciliárias e não domiciliárias.
Ao que foi possível pela Tribuna Expresso, os inspetores da Autoridade Tributária (AT) e do Ministério Público (MP) deslocaram-se aos escritórios do clube bracarense e pediram documentação relativa às transferências de dois jogadores, realizadas entre o FC Porto e o Sp. Braga.
Esses futebolistas são Mamadoum Loum, comprado pelos dragões aos minhotos em 2019, por €7,5 milhões, e Wenderson Galeno, que fez o percurso inverso, no mesmo ano, por um valor de €3,5 milhões. Atualmente, o primeiro está emprestado pelo FC Porto ao Alavés, clube espanhol, e o segundo é habitualmente titular na equipa do Braga.
A investigação estará a ser conduzida pelo juiz Carlos Alexandre e visará, também, o FC Porto, a Gestifute e alguns empresários de futebol.
O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) revelou que em causa estão "suspeitas de negócios simulados, celebrados entre clubes de futebol e terceiros, que tiveram em vista a ocultação de rendimentos do trabalho dependente, sujeitos a declaração e a retenção na fonte, em sede de IRS, envolvendo jogadores de futebol profissional". Os valores envolvidos rondarão os 15 milhões de euros — os valores dos negócios de Loum e Galeno, somados, dão €11 milhões.
Os crimes investigados são de fraude fiscal, fraude à segurança social e branqueamento de capitais.
A Tribuna Expresso questionou o Sp. Braga, mas, até ao momento, ainda não obteve resposta. No âmbito do mesmo processo, a "CNN" noticiou que o Vitória Sport Clube estava igualmente a ser alvo de buscas e, também questionado, apenas respondeu ao nosso jornal: "havendo algo a comunicar, o faremos".
As buscas também estarão a visar o escritório de Bruno de Macedo, antigo responsável jurídico do Sporting de Braga (até 2013) e sócio de António Salvador, presidente do clube, na Vespasiano Investimentos Imobiliários, uma empresa brasileira.
O empresário foi visado na investigação da Operação Cartão Vermelho e tem relações com Luís Filipe Vieira. O MP suspeita que Bruno Macedo terá recebido ganhos na intermediação de transferências de futebolistas efetuadas pelo Benfica e de ter canalizado parte desses ganhos para comprar imóveis pertencentes à Promovalor, empresa detido pelo ex-presidente do clube da Luz.
Esta Operação Fora de Jogo está a ser realizada por Carlos Alexandre, cinco magistrados do MP, quatro dezenas de efetivos da AT e cerca de meia centena de militares da Unidade de Ação Fiscal da GNR. Até ao momento não foram constituídos mais arguidos.