Ouvindo o que vinha do banco de Portugal pouco depois da meia-hora de jogo, já se sabia o que podia vir dali. Com um lançamento lateral para a Polónia já perto da grande área, alguém gritava em bom português: “Pode ser perigoso!”.
E foi. A bola passou por toda a defesa de Portugal depois de um jogador polaco a ganhar na área e acabou nos pés de Michael Izuwanne, que rematou para o que seria o empate. Um golo inesperado e não, face ao que se via em Larnaca, nos quartos de final do Euro 2024. Portugal, muito favorito depois das vitórias gourmet frente a Espanha e Inglaterra na fase de grupos, desperdiçava a bom desperdiçar e deixava a porta aberta à imaginação do adversário.
A entrada da seleção nacional foi mandona, a tentar aproveitar as fragilidades polacas a defender as laterais e, logo aos 5’, um lance pela esquerda acabou com Eduardo Felicíssimo a aproveitar a sobra para, com um remate colocadíssimo, fazer o primeiro para Portugal.
Reagiu mal a equipa de João Santos, displicente e a cometer erros de quem está, talvez, demasiado confiante. Já antes do golo, a Polónia tinha assustado por Adkonis e Pietuszewski, com Diogo Ferreira muito bem a fechar os caminhos para a baliza de Portugal.
Com bola, Geovany Quenda recreava-se, com toques de classe. A mesma bola que durante demasiado tempo não passou pelo craque Rodrigo Mora. Mas quando lhe chegava, vinha a magia. Aos 25’, vindo desde trás, fixou os adversários para passar no tempo certo para Dudu, que rematou por cima. Minutos depois, Gabriel Silva dava início ao seu festival particular de desperdício enquanto Dudu voltaria a ter o golo nos pés já depois do empate da Polónia, enviando a bola à barra aos 39’. Dois minutos depois, seria Quenda, num livre lateral, a chutar ao poste.
A 2.ª parte não mudaria de tom: Portugal desperdiçava, a Polónia espreitava. Perante um adversário mais fechado atrás, era necessária paciência que nem sempre surgia, com os índices físicos a começarem também a baixar entre os jogadores portugueses. Foi preciso esperar mais de 15 minutos para o jogo abrir novamente, com Martim Cunha a falhar mais uma das inúmeras oportunidades de Portugal.
Na jogada seguinte, a dupla fantástica Quenda/Mora, em combinação, fazia o segundo golo de Portugal: Mora conduziu pelo corredor central, deu para Quenda que rematou, com Mora bem posicionado (embora com alguma sorte) para a recarga.
Com 2-1 no marcador e a Polónia a arriscar nas substituições, Portugal encontrou espaços para criar mais perigo. Gabriel Silva teve um daqueles jogos: fez tudo, tudo bem, menos o remate final. Aos 68’ tirou uma série de adversários da frente, mas o remate saiu desviado e aos 85’ surgiu isolado, a passe de Felicíssimo, permitindo a defesa do guarda-redes polaco.
E foi assim, com uma mão-cheia de golos feitos falhados, que Portugal se viu obrigado a cerrar os dentes e a sofrer nos minutos finais, perante uma derradeira ofensiva polaca que, ainda assim, não logrou criar perigo iminente.
Portugal joga agora o acesso à final frente à Sérvia, no domingo, e com uma má notícia: Geovany Quenda está castigado (com um amarelo por simulação mal mostrado) e não está disponível.