Sporting Campeão

Foi “mais fácil” mudar de João para Rui do que de Ruben para João. E Gyökeres não esquece: “Chamaram-me gordo quando assinei pelo Sporting”

Foram 39 golos no campeonato, 53 no total de uma época de abundância, mais uma, para o sueco. E pensar que, na primeira pré-temporada de Viktor Gyökeres no Sporting, desconfiaram do peso que supostamente Viktor Gyökeres tinha a mais. Em entrevista à SIC, o avançado do Sporting falou do título, de como foi lidar com a razia de lesões, da forma como os defesas o tentam parar e da saída de Ruben Amorim: "Não queríamos, foi um momento triste, mas compreendemos a sua decisão. Não há ressentimentos."

Viktor Gyökeres tem dominado o campeonato português nas últimas duas temporadas e tem sido sinónimo de golos para o Sporting. Em entrevista exclusiva à SIC, o avançado fala sobre a saída de Ruben Amorim, as principais dificuldades desta temporada e o seu futuro.

Depois de uma “longa temporada”, como o letal atacante reconhece, ter conseguido levantar o troféu de campeão nacional em casa, na última jornada da Liga, “foi ótimo”.

Mas terá sido esta a época nos ‘leões’ a mais especial para o sueco?

“Para mim, ambas foram especiais de formas diferentes. A época passada foi o meu primeiro ano aqui e este ano aconteceram muitas coisas durante a época, por isso foi incrível ser campeão mesmo assim”, revela.

Gyökeres apontou o segundo golo da partida de consagração frente ao Vitória SC, um tento que deixou o homem-golo do Sporting em lágrimas. O jogador explica que não conseguiu conter as emoções devido à importância que teve o golo apontado.

“É sempre uma boa sensação marcar um golo, mas sobretudo fazer o 2-0 e ter um pouco mais de controlo sobre o resultado”, acrescentou.

Esse foi o 39.º remate certeiro apontado no campeonato pelo camisola 9, número que o coloca no primeiro lugar da corrida à bota de oura, algo em que, admite, não pensa, apesar de reconhecer que há pessoas ao seu redor que “falam nisso”.

Falar em ViktorGyökeres é falar em poderio físico e força, características que fazem com que os defesas adversários não poupem esforços na hora de travar o dianteiro.

“Se me enfrentam com muita força e tiram-me sempre a bola, acho que é difícil para mim. Ou vice-versa, se recuarem e não me deixarem passar, então estão a fazer um bom trabalho. Mas também o posso fazer bem de qualquer forma. Se forem duros comigo, mas continuar a ter bola e a avançar com ela, ou se recuarem e eu me virar e conseguir criar perigo, acho que ambas as coisas me agradam, dependendo do tipo de situação”, confessa.

O momento mais "difícil" da temporada

Uma onda de lesões como há muito não era visto no reino do leão afetou o plantel leonino a dado momento da época, um período que o avançado reconhece ter sido “difícil”.

Aponta que a explicação pode passar pela sobrecarga de jogos a que os atletas estavam sujeitos, mas não só:

“Também mudámos de treinador duas vezes, tivemos três. Depois, pode mudar a forma de treinar ou a frequência de treino. E é claro que isso pode afetar o corpo.”

Antes de Ruben Amorim rumar a outras paragens, o Sporting estava a “voar” no campeonato, com 11 vitórias em outros tantos jogos e com goleadas consecutivas. Na época, o sentimento de invencibilidade estava presente, admite, muito por conta do “ritmo e mentalidade” com que entravam no campo.

E se Amorim não tivesse abandonado a caminhada?

“Penso que é muito difícil passar uma época inteira sem perder um único jogo. Como se pode ver na história, penso que poucas equipas o conseguiram. Uma coisa é ganhar muitos jogos e outra coisa é passar a época inteira sem perder um jogo”, assume.

Saída de Amorim "foi um momento triste"

Sobre a saída do técnico para o Manchester United, revela que os atletas do Sporting não queriam que acontecesse:

“É claro que foi um momento triste, mas compreendemos perfeitamente a decisão dele [...] Foi tudo muito claro e não houve ressentimentos.”

O homem que se seguiu foi João Pereira, que escalou da equipa B diretamente para a equipa principal, mas não singrou e acabou por sair poucos jogos depois.

Gyökeres aponta que “foi difícil” para os jogadores dos ‘leões’ “adaptarem-se rapidamente a meio da época” e considera que se o ex-jogador tivesse abraçado o projeto no início de uma época, poderia ter sido diferente. “Mudar de treinador quando tudo estava a correr tão bem não é fácil”, refere.

Mas à terceira foi mesmo de vez. O Sporting resgatou Rui Borges ao Vitória SC e, nesse momento, como se tratava da segunda experiência num curto espaço de tempo, o plantel já estava mais preparado para “aceitar a mudança” e adaptar-se “ao estilo de jogo”.

Final da Taça será o último jogo de leão ao peito?

Com a “missão campeonato” completa, segue-se, agora, a final da Taça de Portugal frente ao Benfica, já no próximo domingo, dia 25. Apesar de reconhecer que, normalmente, um jogo para o campeonato e uma final não são a mesma coisa, o sueco lembra que esta teoria não se aplica a este cenário:

“Mas agora, claro, é quase a mesma coisa. Claro que não é exatamente a mesma coisa, mas é mais um título para disputar. E, sim, é claro que vamos lá para ganhar o jogo.”

Por fim, a pergunta que não quer calar: os sportinguistas vão poder continuar a celebrar os golos de Gyökeres em Alvalade?

“Vamos ver. É o futuro. O futebol é assim, nunca se sabe o que vai acontecer. Como se viu nesta época nunca se sabe o que vai acontecer. E é a mesma coisa agora. Veremos o futuro”, remata sem abrir muito o livro.