FC Porto

O dobro das derrotas, um mínimo de pontos e uma seca de golos: os números de um FC Porto longe do passado recente com Conceição

A derrota frente ao Arouca foi a quarta em 21 jornadas da I Liga, o dobro dos piores registos de desaires, nesta fase do campeonato, que haviam sido somados nas seis épocas anteriores com o técnico. Com uma produção goleadora escassa, o rendimento da equipa agrava a instabilidade que, em tempo de eleições, se vive no clube

JOSÉ COELHO/Lusa

À sétima temporada, chegaram os meses mais complicados para Sérgio Conceição. Com o FC Porto mergulhado na instabilidade do período eleitoral e vendo o ambiente à sua volta em convulsão pelas alegações da Operação Pretoriano, o escasso rendimento da equipa é o ingrediente que faltava para agitar as águas no Dragão.

O labirinto em que o técnico parece encontrar-se vem sendo construído ao longo de uma temporada em que nada parece correr bem. Logo no verão, a partida de Otávio — conjugada com a saída de Uribe, a lesão de Marcano ou o escasso acerto no mercado — criou um sentimento de orfandade, de perda de referências. Essa ideia de fraqueza inicial conjugou-se com as dificuldades que, desde o primeiro momento, se verificaram dentro de campo.

Os problemas da primeira volta pareciam, em parte, ter sido maquilhados pelas alterações que, no começo de 2024, Conceição realizou no onze. Não obstante, depois de quatro vitórias seguidas, os últimos desafios acentuaram a tónica da campanha: empate caseiro (0-0) contra o Rio Ave, derrota (3-2) frente ao Arouca, a crise de novo instalada.

A fria verdade dos números atesta as diferenças de rendimento face ao passado recente. O FC Porto soma quatro derrotas em 21 jornadas, quando, nas seis épocas anteriores com Sérgio Conceição, jamais perdera mais do que duas das primeiras 21 rondas.

Derrotas do FC Porto de Conceição nas primeiras 21 jornadas:
2017/18: 0
2018/19: 2
2019/20: 2
2020/21: 2
2021/22: 0
2022/23: 2
2023/24: 4

Com o contributo de tantos desaires, os azuis e brancos somam, somente, 45 pontos. Este é, também, um mínimo na era Conceição, exatamente o mesmo número que em 2020/21. Em todas as outras campanhas do técnico no clube, o FC Porto fez mais de 50 pontos nas primeiras 21 partidas, dos 51 de 2018/19 e 2022/23 aos 59 de 2021/22, passando pelos 53 de 2019/20 e pelos 55 de 2017/18.

Outro valor preocupante reside nos golos marcados. Com 35 golos marcados, este é o pior registo da era Conceição após 21 jornadas e a primeira vez em que, neste momento, os azuis e brancos levam menos de 40 golos.

Golos marcados pelo FC Porto de Conceição nas primeiras 21 jornadas:
2017/18: 52
2018/19: 42
2019/20: 46
2020/21: 45
2021/22: 55
2022/23: 48
2023/24: 35

Em relação a golos encaixados, os 16 atuais estão, também, longe dos melhores momentos do técnico de 49 anos. Só em 2020/21, com 22 golos encaixados, houve um pior registo em 21 rondas. Em 2017/18, os dragões sofreram 11 vezes, em 2018/19 foram 12 golos, o mesmo número da época passada. Em 2019/20 foram 15 golos sofridos e em 2021/22 a equipa foi batida em 14 ocasiões.

JOSÉ COELHO/Lusa

A 13 rondas do final, a luta pelo título complica-se para uma equipa que viu a Supertaça ser vencida pelo Benfica e foi eliminada na fase de grupos da Taça da Liga pelo Estoril.

Na Taça de Portugal, o FC Porto está nos quartos-de-final, tendo visto o embate contra o Santa Clara sido interrompido devido ao mau estado do relvado, na sequência da chuva que caía em São Miguel. A Liga dos Campeões é a melhor nota da campanha, sendo o único representante português nos oitavos-de-final, tendo eliminatória agendada contra o Arsenal. A primeira mão, no Dragão, é a 21 de fevereiro, com a decisão, em Londres, a 12 de março.

No campeonato, o FC Porto está a sete pontos de Benfica e Sporting, ainda que os leões tenham menos uma ronda realizada. Nos seis anos anteriores, a equipa de Conceição chegou, em 2017/18, 2018/19 e 2021/22, a esta fase em primeiro.

Quando não seguia na liderança, o FC Porto estava, à 21.ª jornada, a um ponto em 2019/20 e a cinco pontos na época passada. A única temporada com Conceição em que a distância era maior foi em 2020/21, quando o Sporting foi campeão. Nessa campanha, os homens de Rúben Amorim estavam 10 pontos à frente do rival, registo que até pode ser igualado caso os verde e brancos vençam a partida que levam a menos que a concorrência.

Uma disputa eleitoral como não se via há mais de 40 anos, uma operação judicial a investigar pessoas com proximidade à liderança do clube, uma campanha na I Liga longe do passado recente, sem ter vencido a Taça da Liga nem a Supertaça. À sétima temporada, a era Conceição vive os seus tempos mais conturbados.