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Opinião

Mbappé e a vida em harmonia

Uma das maiores mentiras repetidas no futebol é a de que os bons jogadores casam sempre, independentemente de características e contextos. Ao contratar a grandeza do nome de Kylian Mbappé, como analisa Tomás da Cunha, o presidente do Real Madrid criou um problema de encaixes no coletivo que funcionava na época passada

Adam Nurkiewicz

A apresentação de Mbappé no Real Madrid levou-nos até 2009, quando Cristiano Ronaldo chegou ao Santiago Bernabéu. As cores, os gestos, os momentos simbólicos. Já tínhamos visto aquele filme. Florentino Pérez namorou o craque francês durante alguns anos, com a certeza de que a transferência iria acontecer. Afinal, o desejo de sair do PSG e representar o clube merengue – onde jogou o ídolo – era mais forte do que tudo. Ancelotti recebeu uma das principais figuras do futebol mundial, logo no ano em que se pensou – até ao dia da decisão – que Vinícius Júnior venceria a Bola de Ouro.

Conhecendo a natureza do Real Madrid, dificilmente haveria a rejeição de uma estrela com a dimensão de Mbappé. Para Florentino Pérez, é outra demonstração de poder. Depois, o treinador que se resolva. Uma das maiores mentiras repetidas no futebol é a de que os bons jogadores casam sempre, independentemente de características e contextos. Já aconteceu, quando não havia este nível de organização e detalhe. Todos conhecem todos. Por isso, a palavra-chave é harmonia. Entenda-se a expressão como o conforto de cada individualidade dentro do coletivo. A equipa espanhola perdeu o que construiu na época passada.