No domingo a chama olímpica extinguiu-se em Paris, mas também em Lisboa. O Professor José Manuel Constantino acabara de falecer.
Pouco depois, às 24h em ponto na cidade-luz, a francesa Yseult interpreta de forma magistral a icónica ‘My Way’ celebrizada por Frank Sinatra (mas originalmente francesa), e logo me arrepio, sentindo que não haveria melhor música para encerrar este ciclo olímpico, esta ‘vida olímpica’, que o tema que é em si uma homenagem ‘à sua maneira’ de viver, de fazer as coisas, de pensar o desporto no nosso país.
E o professor foi, mesmo, um dos maiores do desporto português; não pelas medalhas que conquistou enquanto atleta, mas por aquelas que providenciou pudessem ser alcançadas por tantos atletas; não pelos títulos mundiais e europeus que granjeou, mas pelos muitos para os quais contribuiu com as suas teses, as suas ideias, o seu trabalho de planeamento sábio e profundo pelos vários organismos por onde passou e deixou marca durante meio século:
da escola (esse pilar essencial da atividade física), à universidade, Instituto do Desporto, Confederação do Desporto de Portugal, e a mais prestigiada instituição desportiva nacional, o Comité Olímpico de Portugal (ao qual presidia desde 2013), onde deixa obra indelével, humana e na estrutura que criou.
Portugal perde um dos seus grandes - enormes - do Desporto, e tanta falta nos fazem homens e mulheres grandes a pensar e planificar um desporto melhor, para todos e com todos.
Fechou-se um ciclo, outro se inicia, este já sem o professor.
Belíssima a mensagem-homenagem do campeoníssimo Fernando Pimenta ao professor:
“Ontem em pleno estádio olímpico chorámos, chorámos muito, olhámos para o céu e para os anéis olímpicos e você já estava lá.”
A chama apagou-se.”
Nuno Albuquerque
Técnico e gestor desportivo
Comentador RTP