Tribuna 12:45

O paradigma Geny Catamo é a virtude de Rúben Amorim

Geny Catamo a correr com a bola pela direita, uma constante do Sporting 2023/24
Carlos Rodrigues/Getty

Tal como Rúben Amorim sublinhou no final do triunfo contra o Arouca, o 3-0 é um resultado que não traduz as dificuldades que o Sporting sentiu contra a talentosa equipa de Daniel Sousa. Entre o cansaço dos verde e brancos e o talento de Cristo e companhia, os leões chegaram ao período de descontos da segunda parte com uma vantagem pela margem mínima no marcador.

Até que, ao minuto 91', a bola chegou, mais ou menos na linha de meio-campo, a Geny Catamo. O campo estava em más condições, havia buracos e lama e irregularidades e escassos metros de relva impoluta, mas para quem se criou a jogar entre o pó dos baldios de Maputo aquele recinto era de um luxo supremo. O moçambicano, leve e audaz, progrediu, simulou, fintou, rematou e festejou, um golo que deu a tranquilidade aos lisboetas e que foi, também, um selo da ginga da mais surpreendente arma do Sporting versão 2023/24.

Agora que Geny se consolidou entre as opções de Amorim, vale a pena lembrar o quão improvável era, até há uns meses, ver o canhoto de 23 anos entre os habituais titulares dos leões. Até esta época, Catamo só realizara quatro partidas a titular na I Liga, uma pelo Vitória SC, a quem esteve cedido na segunda metade de 2021/22 (só somando 10 encontros no total), e quatro pelo Marítimo. Com efeito, na época passada, o amante da finta com face de menino não chegou, sequer, a realizar 500 minutos de competição pelos madeirenses, um conjunto que viria a descer pela primeira vez em 38 anos.

Indiferente a isto, Rúben Amorim olhou para Geny não se fixando no nível recente que este atingira, mas no leque de características que poderia dar ao coletivo. O técnico não ligou tanto ao desempenho, mas mais à forma, ao que aqueles dribles ágeis poderiam oferecer à equipa a partir das alas.

Era evidente que, desde a saída de Pedro Porro, o Sporting carecia de capacidade para fintar nas faixas, de quem tirasse gente do caminho e contribuísse para desmontar defesas. Note-se: segundo dados da Driblab, em 2021/22, na última época completa de Porro em Alvalade, o espanhol fez, em média, 1,68 dribles com êxito por encontro; esta época, Esgaio faz 0,22 fintas com sucesso por desafio, e Matheus Reis e Nuno Santos fazem, ambos, 0,4. Catamo conta com uma média de 1,73 dribles por partida. É o regresso do desequilíbrio individual às extremidades do campo para o Sporting. Entre os laterais/alas da I Liga, só Nathan, do Famalicão (1,92 por compromisso), faz mais em 2023/24.

Amorim encontrou em Catamo o driblador que as alas do Sporting haviam perdido sem Porro
Carlos Rodrigues/Getty

Esta capacidade de Amorim farejar jogadores que, sem se terem ainda afirmado ao mais alto nível, podem contribuir para o êxito coletivo é, mesmo, uma das melhor marcas dos quatro anos do ex-internacional português em Alvalade. É óbvio que, para os bons resultados, também contribuem os milhões gastos em Gyökeres, Hjulmand, Trincão e companhia, mas é impossível falar das melhores versões deste Sporting sem notar esta arte de maximizar os recursos que há ao dispor.

Eduardo Quaresma, reconvertido em opção mais que válida para a defesa, vinha de só fazer quatro encontros, na época passada, pelo Hoffenheim, e de não ser o titular absoluto, na campanha anterior, num Tondela que, tal como o Marítimo de Catamo, desceu de divisão. O central esteve, mesmo, mais de ano e meio — de maio de 2022 até janeiro de 2024 — sem realizar um jogo completo. Desde que reapareceu contra o FC Porto, leva já 14 desafios de início.

Indo à época do último título nacional, Daniel Bragança chegou àquela temporada sem qualquer minuto disputado na I Liga, após empréstimos, na II Liga, a Farense e Estoril. Viria a realizar 25 jogos em 2020/21, 36 em 2021/22 e, depois de uma lesão grave, vai em 34 em 2023/24. Já Gonçalo Inácio foi incluído no plantel sem ter, sequer, passado pela equipa B e somando apenas três presenças pelos sub-23. Fez 19 partidas a titular na campanha que devolveu a glória a Alvalade e leva já 158 duelos com os leões.

Rúben Amorim não é Midas e o próprio admitiu que falhou ao não potenciar certos talentos (olá, Fatawu), mas pegar em futebolistas que vinham de empréstimos a clubes que desceram de divisão e torná-los úteis peças de um candidato a campeão é uma arte que merece ser devidamente aplaudida. Mais do que genialidades táticas ou artes estratégicas, este paradigma Geny Catamo fica como uma das melhores marcas da era Amorim em Alvalade.

O que se passou

Antes do Sporting, também Benfica (contra o Estoril) e FC Porto (em Portimão) venceram na I Liga.

No desporto motorizado, Max Verstappen continua sem rivais na Fórmula 1. No arranque do Moto GP, Miguel Oliveira foi 15.º no Catar e disse “não ter moto para muito mais”.

Morreu Minervino Pietra, antigo jogador do Benfica e da seleção.

Matias Canhoto, penichense de 17 anos, estava a jantar quando o telefone tocou. Eis uma manhã na vida do adolescente no MEO Rip Curl Pro. E uma entrevista com John John Florence, bicampeão do mundo.

Liga feminina de futebol reduzida a 10 equipas em 2025/26.

Zona mista

“Neste momento, quem sustenta o Desporto em Portugal são as famílias. Quem pode pagar, paga e acede, quem não pode é deixado para trás"

Em dia de rescaldo das eleições legislativas, convém olhar para as palavras que, antes da ida às urnas, o presidente da Confederação do Desporto de Portugal disse à Tribuna Expresso. Talvez, lendo-as a par com o que o presidente do COP também relatou, sejamos mais justos quando, lá para o verão, exigirmos chuvas de medalhas em Paris.

O que aí vem

Segunda-feira, 11
⚽ O fecho da jornada 25 da I Liga, com o Gil Vicente-Chaves (20h15, Sport TV1)
⚽ Na Premier League, Chelsea-Newcastle (20h00, Eleven 1)
🎾 Ao longo da semana, no tenis paradise, acompanhe o torneio de Indian Wells nos homens (Sport TV6) e nas mulheres (Eleven 1)

Terça-feira, 12
⚽ Embate decisivo para o FC Porto na Liga dos Campeões, com a visita ao Arsenal depois do 1-0 no Dragão (20h00, Eleven 1/TVI)
⚽ Ainda na Champions, o Barcelona-Nápoles (20h00, Eleven 2)
🏀 NBA: San Antonio Spurs-Golden State Warrios (00h00, Sport TV1)

Quarta-feira, 13
⚽ Mais Liga dos Campeões: Atlético de Madrid-Inter (20h00, Eleven 1) e Borussia Dortmund-PSV (20h00, Eleven 2)
🏒 Na NHL, Dallas-Florida (00h00, Sport TV3)

Quinta-feira, 14
🤾 Começa o torneio pré-olímpico de andebol para Portugal, com a seleção a defrontar a Noruega (17h30, RTP2)
⚽ As decisões dos grandes de Lisboa na Liga Europa: Rangers-Benfica (17h45, Sport TV1) e Atalanta-Sporting (20h00, SIC/Sport TV2)

Sexta-feira, 15
⚽ Arranca a jornada 26 da I Liga, com o Estoril-Portimonense (20h15, Sport TV1)
⚽ Lá fora, na La Liga há Real Sociedad-Cádiz (20h00, Eleven 1)

Sábado, 16
🚴 Eis o primeiro dos cinco monumentos do ciclismo: Milão-San Remo (08h50, Eurosport 1)
⚽ O FC Porto recebe o Vizela (20h30, Sport TV1). Antes, há SC Braga-Gil Vicente (18h00, Sport TV1), Farense-Rio Ave (18h00, Sport TV2) e Famalicão-Estrela (15h30, Sport TV1)
⚽ Em Inglaterra, há quartos-de-final da FA Cup: Wolves-Coventry (12h15, Sport TV2) e Manchester City-Newcastle (17h30, Sport TV3)
⚽ Na La Liga, o Real Madrid vai ao terreno do Osasuna (15h15, Eleven 1), na Bundesliga o Bayern visita o Darmstadt (14h30, Eleven 2) e na Premier League o Fulham de Marco Silva recebe o Tottenham (17h30, Eleven 1)
🏉 Torneio das 6 Nações: França-Inglaterra (20h00, Sport TV3)
🤾 No Pré-Olímpico, Portugal-Tunísia (16h00, RTP 2)

Domingo, 17
🤾 Para o Pré-Olímpico, Portugal-Hungria (20h00, RTP 2)
⚽ Mais um dia importante no topo da I Liga: Sporting-Boavista (20h30, Sport TV1) e Casa Pia-Benfica (18h00, Sport TV2). Há ainda Moreirense-Arouca (15h30, Sport TV2) e Chaves-Vitória (15h30, Sport TV1)
⚽ FA Cup: Chelsea-Leicester (12h45, Sport TV3) e Manchester United-Liverpool (15h30, Sport TV3)
⚽ Na Bundesliga, o líder Leverkusen visita o Friburgo (14h30, Eleven 1). Na La Liga, mais um reencontro de João Félix com o Atlético (20h00, Eleven 1) e na Série A um Inter-Nápoles (19h45, Sport TV3)
🏉 Portugal na final do 6 Nações B, contra a Geórgia (20h00, Sport TV5)

Hoje deu-nos para isto

Lá estão eles outra vez. Lá estão eles novamente, pulando para colocar o andebol português a competir contra os melhores. Não há fome que não dê a fartura, não houve ausência prolongada que não levasse a doce rotina.

Portugal esteve fora dos grandes torneios de andebol entre 2006 e 2020. Da travessa no deserto passou-se para a abundância, com seis fases finais consecutivas, culminando no Europeu, já este ano, na Alemanha.

Agora, na Hungria, os homens de Paulo Jorge Pereira jogarão para ir a um sétimo grande torneio seguido. Frente a Noruega, Tunísia e Hungria, Portugal competirá, entre quinta-feira e domingo, para estar em Paris, nos Jogos Olímpicos.

Depois do 6.º lugar no Europeu de 2020, do 10.º lugar no Mundial de 2021, do 9.º lugar nos Jogos de Tóquio, do 19.º lugar no Europeu de 2022, do 13.º lugar no Mundial 2023 e do 7.º lugar no Europeu de 2024, as defesas de Rêma, a liderança de Rui Silva ou a arte dos irmãos Costa voltará a tentar entusiasmar um país que tem abraçado com fervor esta equipa, que dá sequência à história que, a nível de clubes, também se vai escrevendo.

picture alliance

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