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Valentino Rossi já tem companhia: foi apanhado pelo extraterrestre Marc Márquez

O piloto espanhol venceu o Grande Prémio do Japão, este domingo, e igualou os sete títulos mundiais de MotoGP do italiano. Aos 32 anos, Márquez, que se estreou no motociclismo em Portugal e cedo ganhou a alcunhar de 'Formiga' vai agora atrás de igualar as oito conquistas de Giacomo Agostini

Gold & Goose Photography

Cinco anos após uma queda que quase acabava com a carreira, Marc Márquez (Ducati) completou uma das mais épicas histórias de regresso no desporto, conquistando este domingo, no Japão, o nono título mundial, sétimo na categoria rainha, igualando Valentino Rossi.

O piloto nascido na pequena povoação de Cervera, perto de Barcelona, em Espanha, há 32 anos (a 17 de fevereiro), cedo se destacou como um talento fora do comum sobre duas rodas.

A carreira de Márquez está intimamente ligada a Portugal, pois foi no Estoril, em 2008, que se estreou no campeonato do mundo de velocidade, na categoria de 125cc. 

A “Formiga de Cervera”, como era conhecido pela sua baixa estatura, mostrava, já nessa altura, uma garra e uma determinação que transparece no olhar.

Portugal voltaria a entrar para a história da carreira deste piloto, apelidado por muitos de Extraterrestre (ET) por exibições como a que conseguiu precisamente no Estoril, em 2010, ano em que conquistaria o primeiro título mundial.

Uma queda na volta de apresentação obrigou-o a partir do último lugar da grelha, após os mecânicos terem procedido a uma reparação em tempo recorde.

Qian Jun/MB Media

De ‘faca nos dentes’, Marc ultrapassou todos os adversários para vencer de forma intensa, para aquela que ainda hoje recorda como uma das vitórias mais especiais.

Em 2012, já em Moto2, conquistou o segundo título da carreira, antes da subida à categoria rainha em 2013, numa altura em que pontificavam nas MotoGP pilotos como Valentino Rossi (sete vezes campeão), Jorge Lorenzo (três), Casey Stoner (duas) ou Dani Pedrosa.

Nesse ano mostrava que estava fadado para ser um dos melhores de sempre, ao sagrar-se campeão na época de estreia – algo que já não acontecia desde Kenny Roberts, em 1978 –, o que fez dele o mais novo campeão mundial de sempre, com 20 anos e 266 dias.

O estilo de condução, agressivo, com as curvas muitas vezes a serem percorridas em derrapagem, fez escola, mas valeu-lhe muitas críticas.

O maior coro delas surgiu em 2015, após uma época de grandes duelos com o italiano Valentino Rossi. Tudo começou no GP da Argentina, quando Márquez discutia a vitória com o ídolo italiano mas acabaria por desistir devido a uma queda após chocar com a traseira da mota de Rossi. Márquez considerou que o italiano tinha abrandado propositadamente e os duelos em pista – e fora dela – entre os dois escalaram de tom, até ao GP da Malásia. Nessa altura, Marc já estava fora da luta pelo título, que Rossi discutia com o companheiro de equipa Jorge Lorenzo. Márquez tudo fez para atrapalhar a corrida do italiano e os dois acabaram por se tocar, com Marc a ir ao chão, acusando Rossi de lhe ter dado uma patada.

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Desde esse momento, os adeptos do motociclismo dividiram-se entre os que apoiam Márquez e os que o odeiam, ao estilo do duelo entre Ronaldo e Messi.

A verdade é que Rossi não mais voltou a ser campeão enquanto Marc Márquez conquistou os títulos de 2016, 2017, 2018 e 2019.

Em 2020, quando aparentava estar na melhor forma de sempre, caiu no GP de Espanha, em Jerez de la Frontera, e sofreu uma fratura no antebraço direito.

Operado, regressou na prova seguinte, mas a placa que segurava o osso acabou por dobrar e forçou nova operação. Começava um calvário que quase terminava com a carreira do catalão, que ainda sofreu uma infeção que atrasou o regresso às pistas.

Entretanto, a Honda foi perdendo competitividade e Márquez decidiu afastar-se da marca japonesa que sempre o acompanhou.

Apostou numa mudança para a Gresini, uma equipa privada italiana equipada com motas Ducati, as mais eficazes do pelotão por esta altura, juntando-se ao irmão Alex. Venceu três corridas em 2024 e sentiu que poderia estar de volta aos títulos e igualar o velho inimigo, Valentino Rossi.

Em 2025, as dúvidas dissiparam-se. Marc Márquez está de volta, aos 32 anos. Soma 11 vitórias em corridas ao domingo e 14 em corridas sprint ao sábado, título conquistado a cinco provas do final e recorde absoluto de pontos quebrado (soma 541, ultrapassando os 508 de Jorge Martin em 2024).

Os oito títulos de Giacomo Agostini na categoria rainha já não são uma miragem e mesmo os 13 mundiais de Ángel Nieto (entre 50cc e 125cc) também já parecem um objetivo. Ficaria apenas a faltar superar os 15 campeonatos conquistados por Agostini ao longo da carreira para se sentar no trono dos maiores de sempre sem qualquer contestação.