Foi o público. Teve de ser o público que o empurrou. Não há outra explicação, tem de ter sido alguma espécie de pagamento pelo que León Marchand tem feito por estes Jogos de Paris, dando-lhes glória nacional, entusiasmando a França, fazendo com que "A Marselhesa" se cante em uníssono nesta colossal La Defénse Arena.

Na final dos 200 metros mariposa, Kristof Milak, campeão olímpico desta distância, passou quase toda a corrida na frente. Parecia que ia ganhar, estava em primeiro na entrada para os últimos 50 metros, ia ganhar mas…

“León! León! León!". Atingindo níveis sonoros brutais, com um estrondo incrível, o público cantou e cantou pelo seu herói. A bancada para a qual Marchand nadava levantou-se, toda, ela, num erguer que foi, progressivamente, seguido por toda a gente. León estava a recuperar, estava quase lá.

E chegou. E venceu. In extremis, à boleia de um apoio que o leva ao colo, que o faz voar e não nadar, Marchand ganhou, de forma tão incrível que Milak, mal saiu da água, o foi felicitar, com um ar de espanto, de “de onde é que este apareceu?”.

Marchand ganhou e voltou a ganhar. Chegou a esta noite com uma medalha, obtida nos 400 metros estilos, saiu com três. Além dos 200 metros mariposa, venceu, também, nos 200 metros bruços. Aí não houve discussão, a superioridade foi gaulesa do princípio ao fim.

León fez o hino francês tocar duas vezes em pouco tempo. É o magnifique destes Jogos, o novo menino-bonito do desporto francês.