O futebolista que tem colocado o tema racismo em cima de todas as mesas pelo mundo fora, Vinicius Júnior, foi escolhido pela FIFA para liderar um comité especial antirracismo daquele organismo.
De acordo com a Reuters, o comité será integrado apenas por jogadores, que terão o papel de sugerir castigos pesados para comportamentos e insultos racistas no futebol. A confirmação da nomeação do futebolista do Real Madrid foi confirmada à mencionada agência de notícias pelo presidente da FIFA, Gianni Infantino.
“Não haverá mais futebol com racismo”, garantiu o dirigente. “Os jogos devem parar imediatamente quando isso acontece. Chega. Pedi ao Vinicius para liderar um grupo de jogadores que vão apresentar castigos mais rigorosos contra o racismo, que serão depois implementados por todas as autoridades do futebol pelo mundo fora.”
Infantino e Vinicius estiveram reunidos em Barcelona, onde o Brasil vai jogar contra a Guiné, à margem de um campanha antirracista levada a cabo pela federação brasileira (CBF). “Precisamos de ouvir os jogadores sobre o que eles precisam para trabalharem num ambiente mais seguro. Estamos a levar isto muito a sério.”
O suíço-italiano prometeu, mais uma vez, que haverá castigos exemplares que visam acabar “de uma vez por todas” com racismo no futebol. “Não podemos tolerar mais o racismo. Como presidente da FIFA, senti que tinha de falar pessoalmente com o Vinicius sobre isso.”
No recente Valencia-Real Madrid, no Mestalla, o jogador brasileiro foi insultado violentamente pelos adeptos valencianos, com sons e gestos de natureza racista. Foi, segundo a contagem da Reuters, o 10.º incidente a envolver o extremo, de 22 anos, só esta temporada. Carlo Ancelotti perguntou ao jogador se ele queria abandonar o terreno. A resposta foi negativa.
A flash interview o treinador italiano, após o jogo em Valência, fica para os anais das respostas salpicadas por dignidade e decência. Recusou falar do jogo. Só havia que falar de Vinicius e dos ataques racistas. “Espanha não é racista, mas há racismo em Espanha”, resumiu brevemente, exigindo “medidas drásticas” para combater os criminosos. É que, segundo Carletto, nos estádio de futebol é “tudo permitido” e o protocolo em vigor “está obsoleto”. O homem com mais medalhas de campeão europeu da história não escondeu o sentimento desavindo. “Estou preocupado. Nós gostamos de futebol, esperamos que seja o mais limpo possível. Condenar atos de racismo não é suficiente, é preciso atuar”, sugeriu.
Na entrevista à Reuters, Infantino garantiu ainda que, para além dos castigos competitivos, a FIFA levará à justiça todos os que cometem esses atos hediondos. O dirigente apelou ainda a uma intervenção global política para varrer do mapa o racismo “com mais determinação”.