O Comité de Recursos da Federação Espanhola de Futebol suavizou o castigo ao Valência, na sequência dos insultos racistas a Vinicius Jr., reduzindo a multa de 45 mil para 27 mil euros e o encerramento parcial do Mestalla de cinco para três jogos. A bancada encerrada será a tribuna Mario Kempes, onde estavam os adeptos sinalizados pelo atleta.
Apesar desse recuo e das promessas de Javier Tebas, o presidente da La Liga que diz só precisar de seis meses para erradicar o racismo dos estádios espanhóis, o assunto prossegue nos trâmites normais da justiça espanhola. Uma juíza de um Tribunal de Instrução de Valência, conta o “El País”, abriu um processo preliminar para investigar as injúrias contra o futebolista brasileiro do Real Madrid.
Os três detidos, na sequência desse Valência-Real Madrid, terão de comparecer em tribunal – têm entre 18 e 21 anos. Vinícius também vai declarar, via videochamada, perante uma juíza. Já as imagens gravadas dos incidentes durante o jogo foram recolhidas e examinadas pela Polícia Nacional. A Justiça vai pedir ainda ao Valencia para identificar um segurança para prestar declarações.
A semana em que foram testemunhadas tais hediondas injúrias contra uma pessoa – em que curiosamente foram detidas quatro pessoas por pendurarem numa ponte um boneco negro enforcado em alusão a Vinicius, um crime que remonta a janeiro (já foram libertados sob fiança) – colocou definitivamente os holofotes no racismo. No Rio de Janeiro, o Cristo Redentor perdeu a sua iluminação durante uma hora, para enobrecer e engrandecer o que é negro, em homenagem a Vinicius e à tragédia que é o racismo. Tebas, depois de declarações incompreensíveis, pediu desculpa ao atleta.
Lula da Silva, o Presidente do Brasil reagiu ao caso, tal como vários atletas, personalidades e anónimos. Também a ONU, pela voz de Volker Tur, o do Alto Comissário para os Direitos Humanos, condenou o episódio: “Os insultos contra Vinícius Júnior mostram a influência do racismo no desporto. Peço aos organizadores de eventos que usem estratégias para o evitar e erradicar”. Já Carlo Ancelotti, o treinador do Real Madrid, lamentou que “tudo seja permitido” nos estádios de futebol e espera mais ação do que condenações.