Crónica de Jogo

Ana Capeta abanou a árvore, Diana Silva colheu os frutos: Portugal vence a Bósnia no apuramento para o Europeu

Diana Silva estava há poucos segundos em campo quando fez o 3-0 com que Portugal derrotou a Bósnia, em Leiria. As Navegadoras já lideram o Grupo 3 e começam da melhor forma o caminho para aquele que esperam que seja o terceiro Europeu consecutivo

Paulo Cunha

“Continuem a dar-nos a mão.” Era este o apelo que Jéssica Silva fazia depois de Portugal ser eliminado do Mundial, a última grande competição em que participou. As Navegadoras criaram um problema a si próprias. Agora, até quem nunca lhes deu a mão lhes pede o braço.

O apuramento da Seleção Nacional para dois Europeus consecutivos (2017 e 2022) deu origem a um hábito. Os requisitos que uma rotina exige para se manter começavam em Leiria, com a equipa de Francisco Neto a receber a Bósnia no primeiro jogo da qualificação que se insere na Divisão B da Liga das Nações. Ou seja, em caso de vitória no Grupo 3, que Portugal partilha com Bósnia, Irlanda do Norte e Malta, as Navegadoras sobem à Divisão A (de onde desceram na edição anterior) e seguem caminho para os play-offs de qualificação para o Europeu. De igual modo, se a seleção terminar em segundo ou terceiro também terá oportunidade de jogar esses mesmos play-offs.

Portugal armadilhou a Bósnia com um 3x5x2 em que Lúcia Alves aprofundava o corredor direito e o trio de meio-campo, composto por Tatiana Pinto, Andreia Jacinto e Kika Nazareth, movia-se soprado pela vontade de cada uma das jogadoras. As dinâmicas ofensivas das portuguesas desenvolviam-se na metade ofensiva para agrado de Francisco Neto. Ganhar primeiras e segundas bolas estancava o jogo nas zonas onde as Navegadoras queriam que ele decorresse.

A determinado momento, as bolas paradas estavam a ter uma preponderância pouco expectável. Portugal, que tem o hábito de sofrer em sistemas táticos defensivos no contexto do Europeu, começou o caminho para lá voltar com um golo de canto. Não um canto diretamente largado na área, mas um canto preparado para que Lúcia Alves, longe do quarto de círculo, colocasse a bola na cabeça de Carole Costa que fez a defesa mingar perante o seu salto.

Paulo Cunha

A baliza à guarda de Envera Hasanbegovic tinha nos ferros que lhe dão forma as placas de um xilofone. Joana Marchão colocou um livre no poste e plim. Ana Capeta cabeceou à barra e plam. O Hino à Alegria só voltou a tocar antes do intervalo, após Jéssica Silva, que fazia movimentos de desmarcação do centro para a direita, arrancar um cruzamento que Gloria Sliskovic colocou dentro da própria baliza.

A estreia do selecionador Selver Hodzic no comando da Bósnia deixava-o com poucos motivos para se orgulhar. A segunda parte manteve Portugal no ataque. Ana Capeta desperdiçou três oportunidades claras de golo no primeiro tempo. Moeu as adversárias, mas saiu aos 61 minutos sem um momento de regozijo. Diana Silva entrou para o seu lugar e, vinda diretamente da zona de substituições, desmarcou-se para fazer o 3-0. Dificilmente se pode dizer que a jogadora do Sporting estivesse de pé quente, porque nos segundos em que esteve em campo antes de marcar não pode ter carburado o suficiente.

O sucesso de uma distribuiu felicidade por todas. A jogadora do SC Braga, Melisa Hasanbegovic, ia impedindo que a dimensão negativa do resultado aumentasse para a Bósnia. Com o empate a zero entre Irlanda do Norte e Malta, Portugal sai de Leiria a liderar o grupo 3.