Por vezes, o ciclismo parece ter sido concebido por pessoas escolhidas especificamente para desenharem o caminho mais difícil até à lua, sendo cada corrida apenas um teste às várias propostas dos candidatos. A elevação que o pelotão chega a atingir, devido à obsessão por subidas de quem desenha o percurso, obriga a que o nível seja sempre alto, mas em alguns casos é mais do que noutros.
O World Tour é um monstro. Estão incluídos no calendário do principal escalão da modalidade as corridas que testam com maior afinco a vontade que alguém tem de se sentar na bicicleta e dela não descer antes de cruzar a meta. Subidas míticas que são escadotes para o mundo cósmico, etapas intermináveis e estradas em ioiô. Paradoxalmente, um manjar com tudo aquilo que é mais prazeroso para um ciclista (que não seja sprinter) com desconfigurações na lógica humanista de desistir perante tantos obstáculos.
Afonso Eulálio juntou-se este ano à Bahrain-Victorious e, no périplo mundial que o aguarda, estão reservados alguns desafios hercúleos. A estreia com a nova equipa aconteceu nos antípodas. O ciclista de 23 anos terminou o Tour Down Under, na Austrália, no 15.º lugar na classificação geral e regressa à ação na Volta ao Algarve, antes de rumar ao Tour dos Alpes. “Depois, faço a Strade Bianche [a 8 de março], descanso um bocadinho e vou preparar o Giro [que decorre entre 9 de maio e 1 de junho]”, revela à Tribuna Expresso.