Era difícil apostar contra dois homens na 1.ª etapa da Vuelta, que cruzou Lisboa até Oeiras, pela bela Avenida Marginal que liga os dois concelhos. No regresso da Volta a Espanha a Portugal, depois da edição de 1997, os 12 quilómetros contra o relógio pareciam mesmo à medida do miúdo Joshua Tarling, campeão europeu da disciplina e pronto a vingar a desilusão dos Jogos Olímpicos, onde caiu e foi 4.º no contrarrelógio. Quase tão favorito quanto o jovem da INEOS era Wout van Aert, da Visma, o último a partir.
Mas, no final, a primeira camisola vermelha ficaria no corpo de um homem da UAE Emirates. Não foi João Almeida, apesar do entusiasmo nas estradas e do boost de correr em casa - o português esteve bem e foi 10.º, em linha com outros favoritos à geral -, ou Adam Yates, mas sim o norte-americano Brandon McNulty, bicampeão do seu país na arte de correr contra os minutos e os segundos, mas em quem poucos apostavam para uma vitória a abrir a Vuelta.
A 2 segundos de McNulty, que terminou a tirada em 12.35m, ficou Mathias Vacek, outra média surpresa de mais um jovem, com Van Aert a fechar o pódio da etapa, a 3 segundos do norte-americano. Tarling foi 6.º, a 8 segundos do líder. João Almeida fechou o top 10, a 19 segundos do colega de equipa, mas, mais importante, a apenas dois 2 segundos de Primoz Roglic (Red Bull-Bora), um dos seus grandes rivais na luta pela geral. Todos os restantes candidatos perderam tempo para o português, 4.º na Volta a França.
No domingo, a Volta a Espanha continuará a correr-se por estradas portuguesas, entre Cascais e Ourém, uma tirada de 192 quilómetros que terá uma 4.ª categoria no Alto da Lagoa Azul, em Sintra, e que vai passar nas Caldas da Rainha, terra natal de João Almeida, onde o ciclista português terá, decerto, muito apoio. Antes da meta, nas imediações de Fátima, os ciclistas terão ainda de subir o Alto da Batalha, nova contagem de montanha de 4.ª categoria.