Ciclismo

Portugal terá pela primeira vez atletas masculinos no ciclismo de pista dos Jogos Olímpicos

A qualificação do madison masculino, composto por dois ciclistas, permitirá também a Portugal inscrever um dos dois ciclistas que vierem a ser selecionados também no omnium masculino, prova em que Iúri Leitão é o atual campeão mundial. Omnium feminino repete presença de Tóquio

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Lusa

Portugal vai ter pela primeira vez representantes masculinos no ciclismo de pista em Jogos Olímpicos, com dois corredores a fazerem a estreia na vertente em Paris 2024 e o omnium feminino a repetir presença, confirmou o Comité Olímpico de Portugal.

“A União Ciclista Internacional [UCI] homologou o ranking de qualificação olímpica e a Equipa Portugal terá em Paris 2024 três ciclistas para participar nas competições de Ciclismo de Pista: dois na prova de madison masculino e uma na prova de omnium feminino”, informou o COP.

A qualificação do madison masculino, composto por dois ciclistas, permitirá a Portugal inscrever um dos dois ciclistas que vierem a ser selecionados também no omnium masculino, prova em que Iúri Leitão é o atual campeão mundial.

Apesar de o ranking final olímpico ter fechado há uma semana, apenas hoje a UCI oficializou as quotas para Paris 2024, com Portugal a assegurar também pela segunda edição consecutiva a participação na prova feminina de omnium, depois de Maria Martins ter sido sétima em Tóquio 2020.

As vagas são para o país, com a Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC) a definir posteriormente quem vão ser os ciclistas convocados.

“É um marco histórico e é mais um momento deste processo evolutivo do ciclismo de pista português. Já poderia ter acontecido no passado, na minha opinião não aconteceu por fatores que todos nós conhecemos, várias situações, que, no fundo, acabaram por ter um impacto no processo de qualificação e que não nos permitiu estar pela primeira vez - e também fazer aí história - em Tóquio”, sublinhou o selecionador português de pista, Gabriel Mendes.

Em declarações à agência Lusa, o treinador salientou o processo de qualificação “de muito boa qualidade, com muita regularidade” feito pelos ciclistas portugueses no madison e no omnium.

“Trabalhámos arduamente sempre nos dois eventos, para conseguirmos as melhores performances para Portugal e não deixarmos fugir algo que […] era perfeitamente impossível não alcançarmos, mantivéssemos nós a regularidade e a qualidade de trabalho ao longo deste processo de qualificação. Foi aquilo que veio a acontecer. De facto, acho que é um momento muito importante do ciclismo de pista, é um momento histórico, e é um momento que deve orgulhar todos aqueles que estiveram envolvidos neste processo, e que foi uma etapa que concluímos com sucesso”, avaliou.

Também no omnium feminino o apuramento foi “bastante exigente”, com o selecionador a notar que Portugal não tem uma seleção tão alargada, em termos “de possibilidades e de opções”, e que foi Maria Martins a fazer “praticamente todas as provas da qualificação”, à exceção da última etapa da Taça do Mundo, em Milton, no Canadá, onde alinhou Daniela Campos.

“É, por si, um processo extremamente árduo e exigente, ainda mais concentrado numa única atleta. E ela [Maria Martins] fê-lo com bastante o sucesso, e é a confirmação e a consolidação também da nossa parte no feminino, e estamos bastante orgulhosos e satisfeitos com isso, como é óbvio”, pontuou.

Gabriel Mendes preferiu não fazer prognósticos quanto a resultados nos Jogos, que decorrem entre 26 de julho e 11 de agosto, ressalvando que na capital francesa vão estar “os melhores do mundo”.

“É o evento, provavelmente, mais competitivo e onde todos vão querer estar na sua máxima capacidade de desempenho. E aquilo que é o nosso compromisso é trabalharmos para podermos estar lá também naquilo que é o nosso melhor. E vão ser, certamente, uns Jogos onde, de facto, a qualidade e a competitividade vão ser ao mais alto nível. E nós vamos trabalhar para podermos estar à altura dessas exigências. Agora, é muito complicado e muito difícil prever o que é que poderá vir a acontecer”, antecipou.

O técnico recordou, contudo, que em Tóquio 2020, na estreia na pista, a Missão portuguesa alcançou um diploma, o que foi “um excelente resultado”.

“Se conseguimos repetir esse contexto, acho que é muito bom para nós. Mas vamos estar ali perante nações que estão à procura do mesmo, a competitividade é extremamente elevada, e antecipar um cenário de resultado final parece-me também, para mim, prematuro e [com] um certo grau de incerteza”, reiterou.

Recordando que um diploma significa “estar nos oito primeiros” e que, dentro deste top 8, as classificações vão “do primeiro até ao oitavo lugar”, Mendes reforçou que seria “muito bom” consegui-lo em qualquer um dos três eventos em que Portugal vai alinhar.

“Uma classificação de diploma é um desempenho muito bom a nível dos Jogos. […] Não é a mesma coisa fazer o oitavo lugar numa Taça do Mundo, ou até mesmo num Campeonato da Europa, num Campeonato do Mundo, e fazê-lo nos Jogos. São contextos diferentes e são classificações difíceis de obter, que requerem que naquele dia estejamos num muito bom nível, o nosso melhor, para conseguir estar a lutar por esse tipo de objetivo”, vincou.

O facto de Portugal ter um campeão mundial na sua seleção de pista – os convocados serão conhecidos mais perto dos Jogos – não acarreta mais pressão, na opinião de Mendes.

“Ser campeão do mundo não significa que cheguemos aos Jogos e vamos ser campeões olímpicos. Ok? Portanto, e não devemos também daí projetar resultados. São eventos completamente diferentes. São contextos diferentes. E, portanto, fazer essa extrapolação parece-me, digamos, não ser adequado”, defendeu.