A temporada de 2023 foi uma espécie de renascimento para Rui Costa. O ciclista português, campeão mundial em 2013, optou no final de 2022 deixar a UAE Emirates, um dos conjuntos mais fortes a nível mundial, para voltar a encontrar-se num outro contexto, na mais modesta Intermarché-Circus-Wanty. E na equipa belga, Rui Costa voltou a ser aquilo que talvez nunca deveria ter deixado de ser: um farejador insaciável de oportunidades, inteligente na leitura da corrida e arguto como poucos com a meta à frente.
Depois do título mundial em Florença, viu-se em Rui Costa um possível ciclista de provas de três semanas, algo que o poveiro nunca terá sido. Ou melhor, era mais valioso em outros papéis, tão ou mais dignos do que aquele que colamos aos grandes voltistas: ele era homem para as grandes fugas, para clássicas, para provas de uma semana. Na Lampre, perdeu-se esse ciclista e com a transformação da estrutura italiana em UAE Emirates, o português passou a oferecer a sua experiência, trabalhando de forma infatigável para as vitórias de Tadej Pogacar ou João Almeida.
Mas ainda havia Rui Costa dentro de Rui Costa e 2022 foi prova disso. Na Intermarché-Circus-Wanty voltou a ser esse ciclista sagaz, que tanto irrita o pelotão porque nele consegue cheirar as fraquezas. No início do ano venceu a Volta à Comunidade Valenciana e terminou a temporada com uma vitória numa etapa da Vuelta e, mais recentemente, com um triunfo na Taça do Japão.
Depois da vitória nipónica, o bloco belga anunciou a saída do português, com quem não conseguiu chegar a acordo para a extensão do contrato. Mas Rui Costa vai continuar no WorldTour, a divisão máxima do ciclismo internacional: esta quarta-feira, a EF Education-EasyPost anunciou a contratação do português para 2024, onde o poveiro será um dos ciclistas mais experientes.
“Os objetivos são continuar a somar, continuar a ganhar”, sublinhou o português em declarações publicadas no site da nova equipa. “Começar a temporada a ganhar e terminar a ganhar, isso é o que me traz motivação para o próximo ano. Quero continuar na mesma direção, é o meu objetivo”, continuou o atleta, que tem também duas etapas do Tour no currículo.
Jonathan Vaughters, antigo ciclista e líder do combinado norte-americano, frisa que Rui Costa é um ciclista que sabe “transformar quase-vitórias em vitórias” e que “a experiência” do português vai ser um “ativo poderoso” para a equipa, que nesta temporada vai fazer estrear vários jovens no WorldTour: “O Rui será um mentor de grande valor para eles”.
Sobre a EF Education-EasyPost, que voltará a ter um ciclista português depois de André Cardoso e Rúben Guerreiro, Rui Costa assume que é uma equipa “muito interessante”, que segue desde que é jovem. “Sempre foi uma equipa que me chamou a atenção. Aprende-se muito com o ciclismo. Acima de tudo, aprende-se muito sobre outras culturas. Falar com amigos de outras culturas, para mim, é uma das melhores partes do ciclismo”, apontou ainda o português, que será colega de equipa de ciclistas como o campeão olímpico equatoriano Richard Carapaz, o irlandês Ben Healy ou do colombiano Rigoberto Uran.