O mau tempo em Espanha marcou o fim-de-semana. O Atlético - Sevilha foi adiado e a 9.ª etapa da Vuelta também se viu afetada pelo temporal.
Na ascensão final da jornada que concluía a primeira semana da última grande volta de 2023, em Colla de la Cruz de Caravaca, a organização decidiu tomar os tempos para a geral a 2,6 quilómetros do alto. Temia-se a lama ou a chuva, receios que pareceram depois não justificados — a parte final da ascensão aparentava condições seguras para ser corrida.
Lá na frente, Lennard Kamna, o trepador de excelência da Bora, cavalgava para o triunfo na tirada. E, atrás, mesmo antes dos tais 2,6 quilómetros, houve ataque português.
João não quis uma ‘Almeidada’. Optou por acelerar, apostado em ganhar segundos naquele curto espaço antes do final precoce. Arrancou com força, seguidos apenas pelo russo Vlasov.
Nenhum dos principais candidatos ao lugar mais alto do pódio conseguiu apanhar o caldense da UAE-Emirates. Vingegaard parecia em especial sofrimento, Evenepoel e Kuss também não tiveram reação. Roglic respondeu mais tarde, num pequeno sprint ao estilo do esloveno.
No ponto em que se marcaram os tempos, João Almeida ganhou 5 segundos a Roglic, 7 a Vingegaard, Evenepoel ou Ayuso e 14 a Kuss, que mantém a camisola vermelha de líder.
Logo no arranque da etapa houve fogo de artifício, sempre com o clima a influenciar. O forte vento que se fazia sentir deu ideias à Jumbo, que acelerou em busca dos famosos abanicos que partem o pelotão.
Os neerlandeses quebraram mesmo o grupo, colocando na frente Roglic, Kuss, Vingegaard, Tratnik, Van Baarle, Kelderman. Remco Evenepoel seguiu-se, João Almeida, Enric Mas ou Ayuso não.
A vantagem chegou a roçar os 50 segundos, mas o trabalho da Movistar foi reduzindo a margem e, na primeira ascensão da etapa, houve junção. Criou-se depois uma fuga, com um alemão especialista a escalar a ser o claro favorito à vitória.
Kamna não desiludiu. Completou a sua trilogia particular, conseguindo já levantar os braços no Giro, Tour e Vuelta.
Atrás dele, João Almeida deu sinais de otimismo para o que aí vem. No final da primeira semana, é 10.º, a 2,55 de Kuss, mas somente a 31 segundos de Evenepoel.
O grande sinal menos destas primeiras nove etapas vai mesmo para a organização. Começou com um contra-relógio por equipas noturno com má visibilidade, continuou pedindo imagens a espetadores que tivessem filmado os sprints intermédios, culminou nesta chegada: um passeio dos favoritos nos últimos 2,6 quilómetros, quando o terreno parecia apto para uma ascensão em segurança.
Segunda é dia de descanso. A Vuelta regressa terça-feira, com o contra-relógio em Valladolid.
A classificação geral: