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A casa às costas

“A saída do SC Braga, com o Abel, é uma espinha entalada. Não sei ao certo o que aconteceu. É a principal mágoa que tenho na carreira”

Artur Jorge, de 29 anos, que joga no Farense, cresceu no seio do SC Braga, onde o pai foi jogador e é agora treinador. Nesta primeira parte do Casa às Costas, o defesa central conta como foi crescer com um pai futebolista, fala da felicidade da conquista da Taça de Portugal, mesmo não tendo jogado, e revela como reagiu quando Abel Ferreira lhe disse que queria contratar outros jogadores para a sua posição. Na segunda parte abordamos as vivências na Roménia, em Chipre e nos Emirados Árabes Unidos, bem como as passagens por clubes como o V. Setúbal e o Moreirense

Luis Branca

Nasceu em Braga. O seu pai ainda jogava quando nasceu?
Sim e a minha mãe era doméstica. Depois houve um período pós-carreira de futebolista do meu pai em que abriram um restaurante em Braga. Mais tarde a minha mãe passou a trabalhar no grupo empresarial do meu avô e tios. Têm uma empresa que fabrica as Balanças Marques.

Além do nome, foi do seu pai, atual treinador do SC Braga, que herdou o gosto pela bola e a vontade de ser jogador?
Calculo que sim, porque o tema principal lá em casa era o futebol. Cresci muito ligado a esse mundo, cheguei a acompanhá-lo aos treinos e a vê-lo jogar.

Como foi crescer com um pai, jogador de futebol, que se tornou treinador?
Para mim foi super fácil e muito prazeroso, porque descobri a minha paixão pelo futebol e pelo clube, o SC Braga, muito novo. Foi o único clube onde vi o meu pai jogar.

Tem irmãos?
Tenho duas irmãs mais novas, uma com 27 anos e outra com 21.

Deu muitas dores de cabeça quando era pequeno?
Parti algumas coisas em casa e no jardim, como candeeiros, mas nada de mais. Tudo por causa da bola, mas de resto, segundo os meus pais, sempre fui bem-comportado.

Da escola, gostava?
Gostava, sempre fui um aluno razoável, fiz a escolaridade até ao 12.º ano sem sobressaltos e com boas notas. Gostava muito mais de futebol do que da escola, claro, mas sempre foi uma regra imposta em casa, que tinha de seguir com a escola, senão não havia futebol.

Quem eram os seus ídolos?
Eu tinha uma obsessão muito grande pelo meu pai. Tanto que escolhi a mesma posição e tudo. Eu acompanhava muito as equipas do SC Braga, olhando sempre para o meu pai como ídolo. Só bem mais tarde é que comecei a gostar de um ou outro defesa central, como o Sérgio Ramos, já com os meus 15, 16, 17 anos. Antes disso era só o meu pai.

A casa às costas