Quando foi para a China em 2015, a perspetiva de poder “desaparecer” para o mundo do futebol, pelo menos na Europa, não o assustava?
Não. Eu ainda era novo, tinha mercado em Portugal, onde tinha feito coisas boas, era por um ano apenas, sabia que quando saísse ia conseguir algo bom.
Que ideia tinha da China?
Tinha uma imagem completamente errada da China. Ouvimos falar de carne de cachorro, de escorpião e, afinal, não tinha nada disso. O progresso chegou lá com força. Carros novos na rua, shoppings fantásticos, muita iluminação nos prédios. Tudo muito bom.
A língua foi uma barreira?
Não, porque eu tinha tradutor.
A família também foi?
Foi. A minha esposa sofreu um pouco porque ficava mais em casa. Eu saía para treinar, jogar, viajar e ela ficava com as crianças em casa porque não tínhamos amizades. Éramos apenas quatro jogadores estrangeiros no clube. Eles não levaram as esposas, então ela sofreu mais por isso.
Como foi a experiência futebolística?
É um futebol sem muita técnica. A minha equipa tinha um treinador búlgaro, Petrov, por isso a maneira de treinar era parecida com a da Europa. Dos outros clubes não sei como era. Não é um futebol muito bonito, porém está a evoluir muito. Tem jogadores muito bons.
O que estranhou mais na China?
A comida. Não gostava. Era a minha esposa que cozinhava para mim e quando íamos fora, era a um italiano ou ao sushi. Não gostava do tempero da comida chinesa. Não é que seja ruim, mas não era o meu paladar.
Do que gostou mais?
Da modernidade. A China é muito bonita. Visitámos a muralha da China e outro lugares. Os meus pais, os meus sogros também foram conhecer e adoraram.
Qual foi a situação mais caricata que lhe aconteceu?
Para ir ao mercado às vezes era complicado quando o meu tradutor estava ocupado ou não estava na cidade. Como o alfabeto deles é muito diferente do nosso, o meu tradutor tinha de escrever uma mensagem, eu parava o táxi e mostrava para o taxista, ele levava-me até ao lugar, porque eu não conseguia nem falar o nome do shopping [risos]. Mas não tive nenhuma situação constrangedora lá.
Como passou da China para a Eslovénia?
Quando acabou o meu contrato na China, o Cabral, ex-jogador e agora empresário, apresentou o Maribor ao meu empresário. Eu não conhecia, comecei a pesquisar, aceitei a proposta e fui para a Eslovénia. Nunca tinha ouvido falar do Maribor e da cidade, foi tudo novo para mim novamente. Tudo muito diferente da China. Uma cidade bem pequena, cheguei no inverno, fazia muito, muito frio. O estádio era pequeno, mas foi um dos lugares onde mais joguei, senti-me muito bem lá. Ganhei a Taça no primeiro ano e no segundo o campeonato.