Nasceu em Lisboa, mas foi para Espanha muito pequeno porque o seu pai foi jogar para Salamanca. Recorda-se?
Sim. Fui para Espanha com quatro anos. Comecei a ler e a escrever em espanhol, foi lá que comecei a ir para a escola.
O seu pai, Taira, era jogador de futebol. E a sua mãe o que fazia profissionalmente?
A minha mãe durante a minha gravidez deixou de trabalhar e só voltou a trabalhar mais tarde, já no final da carreira do meu pai, quando ele criou uma academia de futebol em Carcavelos. A minha mãe tomou conta da parte administrativa do negócio.
Como é que era em criança, tem ideia?
O que me dizem é que era difícil, não parava quieto, mas que era respeitador à palavra. Quando os meus pais diziam "chega" ou "não", eu respeitava.
O futebol começa na escola, em Espanha?
Começa em Espanha, mas não tão cedo como é habitual nos jogadores. Ouvem-se histórias de “já dormia com a bola debaixo da almofada” ou “andava com a bola debaixo do braço para todo o lado”. Eu, nem por isso. Foi mais ou menos com 8/9 anos que eu experimentei mas nem pegou logo. Foi quase com 10 anos que comecei a levar mais a sério. Porque eu gostava de jogar à bola e gostava de correr, mas o ir treinar futebol…[risos]
Do que é que não gostava em concreto?
Os meus pais nunca incentivaram também, até eu dizer: “Quero ir para os treinos”. E por isso é que também só fui com oito anos. Quando fui acho que o erro foi ter ido logo para um contexto super exigente. Fui logo para o Sevilha, que é uma das melhores escolas em Espanha. É super exigente, jogamos um campeonato inteiro sem um único empate, só vitórias. Era um nível de exigência muito alto e eu não achei piada. Achava aquilo demasiado sério, demasiado rigoroso. E os espanhóis são muito mais rigorosos do que nós a trabalhar, no geral. Falo em relação ao futebol. Os treinos normalmente são mais exigentes, o ritmo é mais alto, e isso repercute-se um bocado na formação e acho que foi demasiado logo tão cedo. Não gostei, quis sair e fui jogar para a equipa da escola. Aí gostei e desfrutei.