• Exclusivos
  • Semanário
  • Subscrever newsletters
  • Últimas
  • Classificação
  • Calendário
  • Benfica
  • FC Porto
  • Sporting
  • Casa às Costas
  • Entrevistas
  • Opinião
  • Newsletter
  • Podcasts
  • Crónicas
  • Reportagens
  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram
  • RSS
Tribuna Expresso
Exclusivo

Ténis

Até já Roger, ultrapassaremos isto de alguma forma

Federer nunca quis um conto de fadas e não o teve no último jogo da carreira, na Laver Cup, factualmente falando. Perdeu, esvaindo-se em lágrimas no final enquanto Rafael Nadal, o maior rival tornado amigo, com quem jogou em pares na despedida, chorava como um bebé. Aos 41 anos, um dos maiores tenistas da história, provavelmente o mais elegante a alguma vez pisar um court, despediu-se em apoteose: “Estou feliz, não estou triste. Foi uma noite fantástica”. Crónica e reportagem em Londres
Clive Brunskill/Getty

Diogo Pombo

O ténis requer silêncio. Não absoluto nem sepulcral, mas, quando a bola vai à raquete, precisa de abstenção sonora onde está a ser jogado para o bem da concentração de quem o joga. É mantra em igual dosagem do quanto é tradição. E vira pecado se, com um ponto a decorrer, surge um ruído suficientemente audível que desconcentre a solidão a que um tenista é vetado em court, a ilha na qual se torna. O esguio Alex de Minaur, sem um grama de gordura, movimentara-se do seu lado da rede para receber uma resposta de Andy Murray quando a Arena O2 se recheou de uma gargalhada geral quando já estava a transbordar de gente. O australiano esbracejou, refilando enquanto desistiu do ponto.

A culpa do sacrilégio esteve no realizador aos comandos dos ecrãs gigantes do recinto que, com o ponto em andamento, mostrou a bicéfala reação tida, segundos antes, pelos comparsas sentados à beira de uma mesa de vidro, copos de água à frente, isolados numa qualquer sala a assistirem ao jogo. Já equipados, Roger Federer e Rafael Nadal contorceram-se com um riso frustrado perante a pancada falhada por Murray numa subida à rede no ponto anterior. Longe, porém ligados, os dois próximos tenistas a pisarem o campo mostravam-se em pulgas para a comunhão que encavalitou corpos nas bancadas, afagou estômagos com borboletas e espalhou ansiedade por um jogo de ténis.

As últimas vezes são amargas, não há como, a traiçoeira vida é pródiga em ratoeiras que nos dão vivências derradeiras sem nos apercebamos que não haverá mais, depois tem destas, no ténis, revelada sem aviso prévio e com uma semana de antecedência para todos marinarem a sensação de uma despedida anunciada e escalarem a amargura até esta arena de Londres, apinhada de gente, aguardar pelo que só arranca pelas dez horas de uma noite fabulosa, mas triste, história mesmo se melancólica por antecipação. E o sorriso maroto de Roger, o gritador do seu derradeiro hurrah, a entrar em court no costado de Rafa e as gargantas doidas de êxtase, a berrarem por ambos.

A poesia também tem lugar em raquetes e os 41 anos de Federer, se bem que rabugentos, irritáveis e intempestivos durante a sua adolescência no ténis, demonstraram-no de forma graciosa. Cada pancada sua um frenar de bola um pouco mais acentuado, a dar-lhe mais tempo nas cordas seguradas por ele, até quando aquece a trocar pancadas inofensivas com Frances Tiafoe o exercício de aquecimento vira um de estética e por isso o público repete apoteoses quando o suíço é anunciado pelo speaker, quando ele ganha o primeiro ponto, quando é a sua primeira vez a servir. A noite de Roger seria sempre feita com créditos ilimitados de compaixão e a sua última dança ser um dueto com o maior rival feito amigo foi um engordar de carinho.

Por oposição nisto das geometrias dos afetos, a Tiafoe e ao companheiro também americano, Jack Sock, caberia terem carapaças postas para aguentarem uma plateia que os antagonizaria sem maldade enquanto também eles participariam no encontro histórico. Os búúús graves quando um deles protestou no ponto de Federer, conseguido com a bola a ressaltar no cume do poste que segura a rede, provaram-no quando obrigaram Federer a correr contra a ferrugem nas pernas para alcançar essa pancada. À primeira ida das duplas com o traseiro aos bancos, os ecrãs mostraram um pequeno vídeo a honrar a carreira do vindouro reformado, música dramática a condizer com a puxadela à lágrima quando tanto ainda restava por trocar os quatro tenistas.

O primeiro set teve um par de bolas longas de Roger, caídas quase um metro para lá da linha, outras tantas de Nadal, mas os músculos esquentados extrairiam o melhor do suíço junto à rede, ao separador a que se manteve fiel como o último dos moicanos do serve and volley e onde mostrou, quarentão e com um joelho cheio de líquido, uma das inatas qualidades que mais lhe gabam há duas décadas: a coordenação mão-olho, essa aptidão inexplicável para malear o corpo e fazê-lo reagir a seja qual for a bola, venha como vier. Jack Sock, de longe o mais condecorado em campo (três majors ganhos em pares), fazia duplas faltas enquanto ia indicado a Tiafoe onde se deveria posicionar.

Artigo exclusivo para subscritores.Clique aqui para ler.

Ténis

  • Ténis

    Pela terceira vez seguida, a final de um Grand Slam será entre os donos da nova era: Jannik Sinner e Carlos Alcaraz

  • Ténis

    Sinner está nas meias-finais do US Open, à semelhança da renovada Naomi Osaka

  • Ténis

    Com a frescura dos 38 anos, Djokovic vai reencontrar-se com Alcaraz nas meias-finais do US Open

  • Ténis

    Nuno Borges só foi eliminado do US Open após mais de quatro horas, no jogo mais longo do dia

  • Ténis

    Nuno Borges ganhou, está na 2.ª ronda do US Open e prosseguiu na sua bola relação com os Grand Slams

  • Ténis

    Durante seis minutos, Medvedev parou um jogo no US Open por discordar do árbitro: “Na minha cabeça queria fazer ainda pior”

  • Ténis

    Ganhando a quem é quase 20 anos mais novo, Novak Djokovic seguiu para a 2.ª ronda do US Open

  • Ténis

    Jaime Faria foi um derrotado com sorte e juntou-se a Nuno Borges no quadro principal do US Open

  • Ténis

    Jaime Faria e Henrique Rocha estão a um jogo de entrarem no quadro principal do US Open

  • Ténis

    As maiores estrelas do ténis vão disputar um novo torneio de pares mistos no US Open. Especialistas falam em “desonestidade” e “embaraço”