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O hábito faz o monge. A análise ao que correu mal para o Sporting ser atormentado pelo som da bola nos pés dos jogadores do Ajax

O Ajax joga, do ponto de vista ofensivo, de uma forma que o Sporting nunca defrontou. Houve, aos soluços, nas competições internas, adversários que foram fazendo aparecer o ponto mais frágil da organização defensiva no modelo de jogo de Rúben Amorim: o espaço nas costas da primeira linha de pressão. E como não é uma regularidade, analisa o treinador Blessing Lumueno, os jogadores do Sporting sentiram muita dificuldade para controlar e contrariar uma equipa que sabe o que fazer quando a bola entra no corredor central

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

Há vários fatores que concorrem para explicar o surpreendente resultado do Ajax em Alvalade, mas nenhum deles me parece contribuir mais do que os hábitos que as equipas adquirem, tendo em conta o contexto em que se inserem. José Mourinho foi o primeiro treinador que ouvi a falar disto: “os homens são animais de hábitos”. E esse é o ponto de partida da minha análise ao jogo de quarta-feira.

É, aliás, essa a motivação mais forte dos treinadores para vincarem a identidade de uma equipa, por saberem que com o treino, e com o jogo, os jogadores ficam mais propensos a adotarem determinados comportamentos do que outros. Ficam mais treinadores a darem foco a certos estímulos do que a outros, e ficam mais autónomos a resolver problemas com uma forma de ação treinada coletiva, e individualmente. E mais perdidos quando os problemas que lhes colocam são diferentes.

O Sporting vem de uma época tremenda, cheia de sucesso, e isso ajuda a vincar determinados comportamentos e a ignorar outros. Os argumentos individuais e coletivos, que levaram o Sporting a ser campeão, timbraram nos seus jogadores uma determinada matriz comportamental difícil de fugir. Por mais que o treino seja orientado, numa determinada semana, para alterar alguns comportamentos, é difícil que tal aconteça se não houver nos jogos quem faça aparecer essas nuances trabalhadas nos treinos. Porque o melhor treino, onde os jogadores realmente adquirem os comportamentos individuais e coletivos que o treinador trabalha, é o jogo.