Houve uma altura em que Hugo era um agente duplo. Enquanto militava atrás de uma baliza, entregando bolas descansadas aos futebolistas profissionais, mirava no relvado o irmão, João Félix, e porventura sonhava no que faria um dia se os focos dos holofotes apontassem para ele. Pelo meio, em momentos de euforia e nas festas do povo que saliva por golos, João abraçava Hugo. O jovem, com o disfarce comprometido, levava valentes calduços e toques na cabeça levados a cabo pelos operários daquela indústria. Transformava-se num deles por alguns segundos.
Talvez tenha aprendido aí o valor do calduço ou da pancada seca na cabeça, como se fosse um misto de amor e “é assim que se faz, miúdo”. Foram esses calduços que aqueceram Gabriel Brás, logo aos quatro minutos da estreia de Portugal no Campeonato da Europa de sub-19, quando o central fez o 1-0 contra a Polónia. Hugo, que agora é Hugo Félix por direito, meteu a bola redondinha na cabeça do mui interessante defesa do FC Porto.