Portugal

Roberto Martínez: “Estou encantado com a atitude e com o que é o jogador português”

O selecionador nacional lançou o jogo de segunda-feira, com o Luxemburgo, na sexta jornada de apuramento para o Euro 2024. Martínez elogiou o rival, falou de Félix e do papel que terá em Barcelona e não soube escolher entre preferir os 15 golos marcados ou os zero sofridos

MIGUEL A. LOPES/LUSA

Expresso

Luxemburgo

“É uma equipa estável, tem um treinador com uma ideia que gosto muito. Gostam de jogar, têm sempre muita objetividade, é um jogo muito dinâmico. Acho que, quando jogámos com o Luxemburgo, entrámos no jogo muito bem, com muita intensidade, marcámos cedo, o que mudou a dificuldade do jogo. O Luxemburgo depois teve três vitórias consecutivas, tem um nível de confiança, é uma equipa que pode ir à Bósnia e ganhar, ou jogar contra a Eslováquia fora e ter um resultado positivo. Vamos ver uma equipa com confiança, que tem uma boa ligação entre os jogadores e um treinador com ideias muito de ataque.”

Sem calculadora, que objetivos?

“Para nós, como portugueses, é muito fácil: é ganhar o próximo jogo. A nossa atitude é melhorar o que fizemos contra a Eslováquia, como podemos melhorar, que é muito importante, para eu e equipa técnica conhecermos melhor os jogadores, as ligações entre eles e o que podemos fazer. Queremos tornarmo-nos mais competentes com a flexibilidade tática e tentar ganhar. O processo é importante. Os cinco jogos, agora, são essenciais para melhorar. Gostei muito da atitude do grupo e esforço, o trabalho defensivo, que nos deu a vitória [com a Eslováquia]. Mas precisamos melhorar. O apuramento é a consequência do trabalho. Agora é o Luxemburgo, vamos todos juntos para mostrar o nosso melhor nível.”

E o futebol bonito?

“Ainda não estamos apurados. Eu gosto de ter uma equipa ganhadora, que tem qualidades sem bola e com bola. As nossas qualidades sem bola, contra Eslováquia e em todos os jogos, teve momentos de alto nível. Com bola não tivemos os momentos que podemos ter com as qualidades individuais que há no balneário. E isso é um processo. Precisamos de jogar o jogo como nós queremos jogar, e não como o adversário quer jogar. Isso é o ponto mais importante para amanhã: queremos jogar o jogo que queremos jogar e não como Luxemburgo pretende jogar. Mas eu valorizo muito que todo o futebol mundial conheça a qualidade individual dos nossos jogadores, mas acho que a atitude e esforço dos jogadores para jogarem em equipa é superlativa. Isso, para um treinador, é muito importante.”

Jornalista refere estreia de Eusébio pela seleção contra Luxemburgo… uma derrota. Pode acontecer?

“Gosto muito de histórias, obrigado, pela memória da nossa lenda. Os jogos internacionais são simples: se a equipa não está a fazer tudo da melhor forma possível, podes perder pontos contra qualquer uma. É importante que tenhamos um foco e uma atitude para poder mostrar o talento. O Luxemburgo é uma equipa que tem confiança e qualidade para apurar-se para o Europeu. É a primeira vez que Luxemburgo tem uma oportunidade, é importante que estejamos ao máximo nível. Esperamos que a história não se repita…”

Depois de 6-0 na primeira volta, há perigo de excesso de confiança?

“Trabalhamos nisso, os jogadores conhecem o Luxemburgo, sabem que o Luxemburgo ganhou os três seguintes jogos. ACh oque o trabalho deste estágio foi muito bom. Há uma energia para terminar amanhã, com foco e da melhor forma possível. Não vejo que os jogadores estão a pensar de uma forma diferente. Vejo foco, vejo concentração e queremos mostrar que podemos fazer o que fizemos na Eslováquia, ou os bons momentos que tivemos lá, para um período de 90 minutos. É esse o objetivo.”

João Félix

“Está encantado com a oportunidade que lhe tocou, é um jogador com uma capacidade técnica de altíssimo nível, que aparece no espaço e no timing certo como poucos. Encaixa perfeitamente na ideia do Barcelona e do Xavi. Para nós, era importante que fizesse parte da seleção. Mesmo sem ter o ritmo competitivo, é um jogador que tem de estar connosco, para preparar os próximos quatro jogos. É um jogador muito importante, vejo que terá um papel decisivo na ideia do Xavi no Barcelona.”

Paulinho

“Os pontas de lança neste estágio eram Cristiano Ronaldo, Gonçalo Ramos e Diogo Jota. É importante que os jogadores trabalhem juntos, que entendam conceitos. É muito difícil que um jogador de fora chegue e possa ajudar a equipa, é impossível. Temos 20 jogadores, o Rúben Neves está apto para o jogo. É sempre importante ter jogadores que trabalham a ideia da equipa, que possam desfrutar e mostrar o talento. Um nome de fora não pode ajudar neste momento. O Paulinho está a fazer uma época muito boa, está à porta da seleção, como está Beto, Tiago Tomás e André Silva. Temos muitos jogadores que pisam os mesmos lugares. É um trabalho difícil para mim, mas prefiro assim do que só ter uma ou duas opções.”

100% vitórias: imaginou isto?

“Não imaginei, é muito difícil ganhar constantemente no futebol profissional. Porque cinco jogos em momentos diferentes da época, os jogadores têm situações pessoais diferentes, mudanças de carreira, mudanças a nível familiar. Ter continuidade e resultados a nível internacional é muito difícil, mas sempre acreditei que este grupo pode ir jogo a jogo com uma capacidade para ganhar todos. Vi nos jogos que tivemos fora de casa trabalha muito para ser uma equipa. Quando tens jogadores com qualidades excepcionais a nível individual, isso é o ingrediente especial para poder estar na situação em que estamos agora.”

Prefere: 15 golos marcados ou zero sofridos?

“Dos dois. Gosto de tudo, mãe, pai, gosto de tudo, não gosto de separar. É importante. Para ser uma equipa completa, ganhadora, precisas de trabalhar duro e manter a baliza a zero. E, depois, precisas de ter capacidade para marcar golos. No futebol moderno, todas as equipas podem preparar jogos muito difíceis. É importante ter uma estrutura que permite o talento individual marcar golos, é o mais difícil. Se jogas com esforço e atitude para manter a baliza a zero, é mais fácil ganhar jogos.”

Percurso na seleção

"Estamos num processo, são cinco jogos. Estou encantado com a atitude e com o que é o jogador português, um jogador competitivo, com necessidade tática e com uma capacidade para criar grupo para ter objetivos.”