A estadia da seleção no húmido calor do Dubai vai sendo proveitosa, sem freios aparentes, cheia de embalo pela caça que lá se persegue: 42 pontos marcados a Hong Kong, outros 85 impostos ao Quénia, duas vitórias e um rácio mais positivo do que o acumulado pelos EUA. Esse será o último adversário, na sexta-feira, vindo de uma terra onde o grosso do carinho para ovalidade desportiva está noutra modalidade, inventada por eles, contra o qual Portugal até pode empatar para garantir o regresso a um Mundial de râguebi, 16 anos volvidos.
Parte da razão para a seleção íman de elogios com velocidade contagiante em que une Raffaele Storti, Rodrigo Marta, Nuno Sousa Guedes ou Jerónimo Portela, os ameaçadores de serviço quando a equipa tem a bola e campo livre para correr, estar a forçar a derradeira porta de acesso ao torneio, está num jogador que nada tem a ver com o râguebi português. Gavin van den Berg nasceu, há 26 anos, na África do Sul, em 2018 chegou a Espanha e, três edições do calendário depois, naturalizou-se para jogar pelo país que terminaria à frente de Portugal no torneio europeu de qualificação rumo ao Mundial.
Mas, em abril, a fortuna da seleção surgiu fora de campo, já com essa fase de apuramento arrumada. A World Rugby retirou 10 pontos a Espanha como castigo pela utilização indevida de Van den Berg, após a Roménia se queixar da elegibilidade do jogador. A sanção foi a mola que projetou Portugal para o 3.º lugar, deu-lhe acesso à repescagem final onde está a jogar e soprou a origem de um furacão de polémica que chegou a ter o sul-africano naturalizado espanhol no seu olho. O descascamento do caso viraria as críticas para outros alvos e o nome do jogador manteve-se algo discreto - até agora, que o Benfica o devolveu à atividade e os espanhóis desgostaram da decisão.