O Conselho Superior do FC Porto aprovou, por unanimidade, uma moção para a retirada da proposta de revisão dos estatutos que devia ter sido discutida em Assembleia-Geral Extraordinária na passada segunda-feira, mas que acabou por ser adiada devido a vários episódios de agressões. A decisão é tornada pública em comunicado deste órgão consultivo.
“O condicionamento criado à já mencionada Assembleia Geral, e o empolamento artificialmente criado pela comunicação social e redes sociais, tiveram como resultado os lamentáveis incidentes a que assistimos, convertendo uma importante Assembleia num momento de primárias incendiadas”, justifica o Conselho Superior, que tem como presidente Lourenço Pinto, que também lidera a Mesa da Assembleia Geral, e inclui ainda o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, o presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, o presidente do PSD, Luís Montenegro, e o ministro da Saúde, Manuel Pizarro. Por inerência, a direção também tem assento neste conselho.
No comunicado, nota-se ainda que a proposta de estatutos é “boa e rigorosa, salvaguardando inteiramente os interesses do Clube e dos seus Associados”, mas, “no superior interesse do Clube”, foi decidido retirá-la para “apaziguar o divisionismo que se quer criar na família portista”.
Com isto, é provável que a reunião magna, que devia ser reatada na próxima segunda-feira, seja cancelada, visto que este era o ponto principal da convocatória. A decisão será agora de Lourenço Pinto.
O Ministério Público já abriu um inquérito aos acontecimentos e o clube, em comunicado, admitido que estava manchada "uma história centenária de cultura democrática”, prometendo recorrer aos “meios que tem ao seu alcance para identificar os responsáveis por agressões físicas” e também mobilizar “os restantes órgãos sociais tendo em vista a abertura de processos disciplinares”.
Na terça-feira, André Villas-Boas, ex-treinador do clube e putativo candidato à sua liderança, tinha acusado os órgãos sociais do FC Porto de assistirem "impávidos e serenos a agressões aos sócios por parte de uma guarda pretoriana”.