Campeão de inverno. De certeza que não é um oxímoro? Ou um título irónico? No meu bairro havia um casal muito pobre, e de aspeto condizente com a pobreza, ao qual, com a maldade típica dos pequenos meios, alguém deu o nome de “casal feliz”. Há outros casos de títulos aviltantes. O “rei do tremoço”, por exemplo. A grandeza da monarquia era apoucada pela pequenez e insignificância do tremoço. Parece-me que com o pomposo e, segundo dizem, agora oficial “campeão de inverno” acontece algo semelhante.
Antigamente, quando o “campeão de inverno” era apenas uma brincadeira, um gracejo para assinalar a equipa que dobrava o meio do campeonato em primeiro, era levado mais a sério. Agora querem que o levemos a sério, outorgando o título ao vencedor da Taça da Liga, e é por isso que nos dá vontade de rir. Porque antes não era glória nenhuma. Era até um aviso para que o líder não se deslumbrasse. O campeão de inverno era “campeão de inverno”. Hoje quase nos obrigam à genuflexão reverente perante o Campeão de Inverno!