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Opinião

O Sporting, pelos centrais

Rúben Amorim mostrou dificuldades a meio do percurso nos leões, chegando a dar a sensação de incapacidade para resolver um modelo estagnado e desbloquear o próximo nível. Talvez já existisse a ideia, mas longe da execução. Perder menos vezes a bola, defender para a frente e contratar perfis específicos está presente em (quase) tudo o que vai fazendo, com destaque, explica Tomás da Cunha, para o perfil dos defesas centrais que foi escolhendo

Gualter Fatia

A 8 de Março de 2020, Rúben Amorim estreou-se no comando do Sporting. Jorge Silas não resistiu à derrota em Famalicão e o jovem treinador, com impacto imediato em Braga, valeu uma transferência histórica de 10 milhões de euros. O risco óbvio de Frederico Varandas mudaria, de forma estrondosa, o rumo do clube. Nessa primeira vitória, a vítima foi o Clube Desportivo das Aves. O 3-4-2-1 chegava ao emblema verde e branco, interpretado com rigidez e rigor nos primeiros anos. Desde então, quase tudo mudou em Alvalade. Mantém-se o líder, ainda que com diferenças claras no pensamento, mas não sobra nenhum jogador utilizado naquela data.

O primeiro trio de centrais foi composto por Tiago Ilori, Seba Coates e Mathieu. Mais tarde, viria a perceber-se os benefícios na trajectória de carreira do uruguaio, reconstruindo o estatuto de patrão e transformando-se em “estrelinha” na conquista do campeonato, em 20/21. Esse Sporting não dava muito espaço nas costas aos adversários, defendendo de forma mais compacta e tentando proteger-se. Feddal e Neto também não tinham conforto para enfrentar situações de 1x1 e a exigência no controlo da profundidade, destacando-se nos duelos e na protecção da área. Com bola, essa equipa leonina não elaborava propriamente a construção, apostando em chegadas mais rápidas pelos alas e pelos avançados (Tiago Tomás, por exemplo, surpreendeu). No fundo, existia um nível de complexidade no modelo bastante inferior ao que se verifica actualmente.