Esta época, o “tripontismo” começou mais cedo do que é habitual. Normalmente, o regime despótico dos três pontos – o que interessa é os três pontos, dê lá por onde der – instaurava-se nas jornadas finais, quando se estava na luta pelo título e “em tempo de guerra não se limpam as armas”, “tudo o que vier à rede é peixe”, etc. São jogos de nervos, com o desgaste da temporada a pesar e a certeza de que qualquer erro é fatal, em que queremos que os nossos ganhem por meio a zero, com golos às três tabelas e benesses caídas do céu, como maná. Mas isso era mais para abril, maio.
Ouvir, no início de outubro, o treinador de um grande a confessar em público que o que interessa é que ganhámos e não como ganhámos, que o que conta são os três pontos e tudo o mais são tretas, é uma facada no coração do adepto romântico, mas também uma facada no bom senso do adepto pragmático. O adepto romântico gosta de ver um futebol belo, artístico, rematado com a vitória. Mas o adepto pragmático também sabe que a vitória, que preza acima de tudo, está mais perto quando se joga aquele futebol belo e artístico ou, pelo menos, um futebol eficaz e incisivo.