A Câmara Municipal de Braga colocou o estádio do SC Braga à venda, revela este domingo o “Público”. O recinto, apesar do custo de referência ter rondado os 30 milhões de euros, terá custado na verdade 200 milhões, como confirmou recentemente Fernando Rio, o autarca. O clube, presidido por António Salvador, paga apenas 500 euros de renda.
A venda já havia sido admitida por Rio, o presidente da CM de Braga, há duas semanas, reconhecendo que já havia conversações com o clube nesse sentido. “Não há um valor fechado, mas o município tem tido alguns contactos com a administração do Sp. Braga, inclusivamente com o novo acionista”, confirmou o autarca, em entrevista à Rádio Universidade do Minho.
“O diálogo abriu-se, portanto agora vamos acautelar essa possibilidade fazendo formalmente uma avaliação daquilo que poderá ser o valor pelo qual o estádio poderá ser alienado”, refletiu então, centrando-se depois no eventual valor do negócio. “O estádio só faz sentido ser utilizado pelo Sporting de Braga. Não pretendo exigir os 200 milhões de euros que foram investidos neste equipamento, mas obviamente um valor que permita ressarcir a Câmara Municipal e, por exemplo, viabilizar outros projetos, incluindo a própria reabilitação do Estádio 1.º de Maio, que também por força destes anos de abandono, acabou por sofrer uma degradação muito acelerada."
O estádio foi construído por ocasião do Campeonato da Europa, em 2004, que levou à construção de muitos outros estádios, alguns deles ao abandono ou sem uma utilização relevante nos tempos que correm. Com a organização de um Mundial à porta, em 2030, a Pedreira fica de fora do mapa dos estádios escolhidos, pois não tem os 40 mil lugares, um pré-requisito obrigatório para os recintos das candidaturas.
O SC Braga vive momentos dourados. Para além do apuramento para a Liga dos Campeões, a milionária Liga dos Campeões, onde está a competir contra Real Madrid e Nápoles, os minhotos têm-se imiscuído na luta pelo top-3 contra os tradicionais grandes de Portugal. No plantel, o treinador Artur Jorge conta com nomes como Bruma, Pizzi, João Moutinho e José Fonte, assim como Abel Ruiz, já internacional espanhol, o que confere a intenção de elevar o estatuto da equipa. Também a equipa de futebol feminino, que joga no velhinho 1.º de Maio, vai disputando troféus.
A este momento desportivo airoso juntou-se o andamento da cidade desportiva, com a recente construção de novas instalações para o futebol profissional, assim como um edifício residencial e outro administrativo, mais uma loja do clube e um futuro museu.
Mas a direção de Salvador olhou também para as modalidades, inaugurando um pavilhão com capacidade para 1.400. Durante a cerimónia, Salvador ressaltou a “enorme demonstração de um clube que não se conforma” e que “não conhece impossíveis”, salientando que aquele emblema não abdicar “da sua independência, autonomia e crescimento”. Todas estas inovações foram inteiramente financiadas pelo clube, garantiu o presidente.
As contas, espelhadas no último Relatório e Contas da SAD bracarense, também indicam bons ventos. O clube minhoto fechou o exercício de 2022/23 com um lucro de 20,3 milhões de euros.
Este mesmo documento deu conta de outra situação, até aqui desconhecida. Depois de a Qatar Sports Investments (QSI), a empresa que também é dona do PSG, ter adquirido 21,67% do capital social da SAD, na reta final de 2022, comprando a percentagem da Olivedesportos, a organização sediada em Doha, no Catar, engordou essa presença e já detém 29,60%.
Contas feitas, o SC Braga clube mantém os 36,99% da SAD, pelo meio surge a QSI com 29,60%, como vimos, e depois surge a Sundown com 17,04%. Outros investidores, assim mesmo inscritos no documento (“outros”), asseguram os restantes 16,37%.