O estado de graça de Roger Schmidt acabou. Não foi nesta semana ou na semana passada. Acabou há muito e o estranho é ter durado tanto tempo. Agora é oficialmente o saco de pancada da comunicação social, dos comentadores e, naturalmente, dos adversários. Nada do que diga ou faça merece benevolência. Não fala português, não acerta nas substituições, exige contratações de jogadores que não põe a jogar, uma vez na Alemanha recusou-se a abandonar o campo depois de ter sido expulso e haverá certamente quem o tenha visto num comício em Nuremberga em 1934, de braço esticado a berrar “Heil, Hitler!”. Não é preciso procurar mais. Eis o culpado do miserável estado do futebol português.
Basta remover o alemão do lugar, devolvê-lo à procedência e o futebol indígena voltará a ser o paraíso na terra, o Éden de todas as delícias, onde imperam a cortesia e a boa educação, o desportivismo e o convívio salutar entre todos. Os jornalistas não voltarão a ser achincalhados em conferências de imprensa, nenhum treinador voltará a enfiar as mãos nos bolsos durante os jogos e os árbitros serão tratados com respeito e cordialidade, aliás, como era norma antes da chegada deste diabo germânico. Tudo isto a conversar em bom português que é assim que nós por cá nos entendemos.