Exclusivo

Crónica

Um grande torneio de seleções por ano será como ter mais uma rede social no telemóvel ou outra aplicação de streaming (por Philipp Lahm)

Reduzir o ciclo do Mundial dará a impressão de que o futebol tem tudo a ver com dinheiro, escreve Philipp Lahm, antigo campeão do mundo pela Alemanha que, do lado dos jogadores, explica o quão mentalmente desgastante é representar o país numa grande competição. O ex-jogador diz que a ideia da FIFA e de Wenger pode levar a um consumo excessivo de futebol e fazer com que seja, apenas, puro entretenimento

Chris Brunskill/Fantasista

Nunca houve tanto futebol. Todos os dias há uma equipa a jogar contra outra nalgum lugar e é possível assistir, em todo o mundo, em qualquer dispositivo — em direto e on demand, ou assistir apenas aos destaques, no YouTube, Dazn ou Twitter. Há mais para vir. Em breve, a Liga dos Campeões irá ter mais cem jogos por ano. A nossa atenção coletiva, como dizem os especialistas, está a diminuir no processo, mas é difícil parar esta tendência.

O que o presidente da FIFA, Gianni Infantino, e o seu assessor, Arsène Wenger, agora têm em mente, pode, em última instância, levar a um consumo excessivo de futebol. Querem realizar o Campeonato do Mundo de dois em dois anos, em vez de quatro em quatro. O Campeonato Europeu, bem como outras competições continentais, acabariam, eventualmente, por seguir o mesmo caminho, e no futuro haveria um grande torneio de futebol por ano. Até agora, houve sempre um intervalo de um ano entre eles.