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Ciclismo

A anatomia de uma cascata de erros: como o pelotão da Volta ao Algarve seguiu pelo caminho errado e só um “milagre” evitou um acidente

O final caótico da primeira etapa, em Lagos, não aconteceu por acaso. Membros da organização posicionados incorretamente, uma seta a apontar para o sítio errado, rotundas mal feitas e o engodo de uma moto foram fatores que levaram alguns ciclistas a enganarem-se no percurso enquanto seguiam a “altíssima velocidade”. Evitaram-se danos maiores, explica Isabel Fernandes, especialista em segurança da União de Ciclismo Internacional, mas não foi possível disfarçar as falhas

LUIS FORRA

Os memes que a criatividade dos internautas produziu foram estampados nos rolos de infinitas publicações das redes sociais. A Volta ao Algarve chegou às bocas do mundo após o invulgar desfecho da primeira etapa, que ligou Portimão a Lagos. Quando a comissão de segurança da União Ciclista Internacional (UCI) se reunir para, como faz sempre no início de cada semana, debater o que correu menos bem nas corridas, também dirá algo sobre a prova portuguesa e talvez não tenha tanta graça.

Na abordagem ao sprint final, após uma bifurcação, a maioria dos ciclistas com vontade de discutir a vitória seguiu pelo lado errado da estrada. Os restantes deram continuidade à aproximação à meta através de outra via, aquela que efetivamente devia ser seguida por todo o pelotão. A organização decidiu anular a prova sem conseguir disfarçar as falhas de segurança.

O enxame de ciclistas que seguiu o caminho errado, sem hipótese de retomar a rota devido à presença de um separador central, invadiu o corredor destinado aos veículos das forças de segurança e à frota que segue na retaguarda da prova. Na mesma zona, estava uma desprotegida franja de público.