Ciclismo

Tour de France: o primeiro mano a mano entre Vingegaard e Pogacar foi decidido pelos manos Yates, com Adam a ser o primeiro camisola amarela

A etapa inicial da Volta à França foi vencida pelo britânico Adam Yates, que bateu perto da meta Simon, o seu irmão, e é o primeiro líder da corrida. Na acidentada chegada a Bilbau, já houve diferenças entre os favoritos, com um primeiro ataque de Pogacar, que foi buscar quatro segundos de bonificação ao ser terceiro, a Vingegaard

David Ramos/Getty

O Tour de France 2023, o Tour do aguardado duelo entre Jonas Vingegaard e Tadej Pogacar, começou com uma homenagem ao ciclismo destes dias, à forma de correr ofensiva, ousada e arrojada que uma nova geração de craques veio trazer. Tirada inicial monótona, decidida com um sprint massivo para atribuir a primeira amarela? Esqueçam isso. Estamos em 2023 e este é o mundo dos audazes atacantes.

Os 182 quilómetros, com partida e chegada a Bilbau, prometia movimentações e espetáculo, num dos primeiros dias mais exigentes da memória recente na competição. E assim foi. No Côte de Pike, dois quilómetros a 9,8% de média a terminarem a 9,6 quilómetros da chegada, houve logo movimentações entre os principais candidatos.

A UAE-Emirates agitou, a Jumbo também mostrou a sua força, Pogi fez um primeiro teste a Jonas. Na descida, a marcação neste mano a mano entre os vencedores de 2020 e 2021 (o esloveno) e 2022 (o dinamarquês) foi aproveitada por uma verdadeira dupla de irmãos.

Adam Yates, colega de Pogacar na UAE, e Simon Yates, da Jayco, isolaram-se e não foram apanhados. Na meta, seria Adam o mais forte, tornando-se no primeiro camisola amarela do Tour 2023. A 12 segundos, o terceiro classificado foi Pogacar, ganhando já quatro segundos de bonificação à concorrência. Os dados estão lançados.

O Tour e San Mamés, no arranque da primeira etapa da corrida
Europa Press News/Getty

A 110.ª edição da maior das corridas de bicicletas partiu, pela 25.ª vez na história, fora das fronteiras de França. Depois de San Sebastián, em 1992, o Tour voltou a arrancar do País Basco, candidata a região do mundo com melhores adeptos de ciclismo, gente que abraça o pelotão, enchendo-o de carinho e paixão, transbordando cultura velocipédica.

Uma competição no País Basco significa, quase sempre, terreno acidentado, sobe e desce constante, espaço para atacantes e ousadia. Bilbau seguiu-se, nos últimos anos, a Copenhaga (2022), Bruxelas (2019), Dusseldorf (2017), Utrecht (2015) ou Leeds (2014) como palco estrangeiro da grand depart, que arrancou de San Memes, a catedral, casa do Athletic Club.

Uma fuga inicial foi anulada antes das duas últimas ascensões. No Côte de Vivero, 4,3 quilómetros a 7% a terminarem já dentro dos últimos 30 quilómetros, a equipa de Pogacar começou a mostrar as garras, aumentando o ritmo. Logo ali se percebeu que teríamos diferenças entre alguns dos principais nomes.



Se não vivêssemos a monotonia de tempos menos vibrantes do ciclismo, tivemos, isso sim, as quedas, habitual infortúnio dos nervosos primeiros dias. E estas vitimaram dois homens com ambições na geral: Enric Mas, segundo da Vuelta 2022 e líder da Movistar, teve de abandonar; Richard Carapaz, antigo vencedor do Giro e campeão olímpico, perdeu vários minutos.

Na derradeira ascensão, a UAE voltou a endurecer a corrida, primeiro com o austríaco Felix Großschartner, depois com Adam Yates. A 10 quilómetros do fim, só o futuro vencedor da etapa, Pogacar, Vingegaard e Victor Lafay, da Cofidis, seguiam no grupo da frente.

Os dois grandes candidatos à geral final chegariam isolados ao topo da última dificuldade. Ali estavam o esloveno e o dinamarquês, o extrovertido Pogacar e o tímido Vingegaard, os super favoritos a subirem ao alto do pódio em Paris. Honestos, logo desde o início mostram ao que vieram, neste espécie de prólogo para o que certamente virá aí.

Na descida, vários nomes se juntaram e, aí, os irmãos Yates aproveitaram para se isolarem. Fariam primeiro e segundo. Na geral, Adam é primeiro, com oito segundos de vantagem para o irmão e 18 para Pogacar, que está quatro segundos à frente de Vingegaard. O grande embate do ciclismo em 2023 está aí.