Benfica

Luís Filipe Vieira critica regulamento eleitoral do Benfica e adverte Bruno Lage

Em carta enviada aos sócios, o candidato à presidência criticou o que diz ser a "manipulação" de "regras para limitar a democracia interna ou para calar vozes incómodas". Para Vieira, o estado atual do clube é "um retrato de fragilidade financeira, disfarçado por resultados ocasionais", avisando Lage que "deve aproveitar o que de melhor" há no Seixal

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Luís Filipe Vieira, ex-presidente do Benfica e candidato às eleições do clube lisboeta, criticou o regulamento eleitoral, que “parece desenhado para afastar de forma intencional milhares de sócios”, advertindo também Bruno Lage, treinador da equipa de futebol.

“Quero dizer-vos com clareza: irei a votos, sejam quais forem as regras que a atual direção queira impor. Mas não posso deixar de sublinhar que o regulamento eleitoral proposto pela MAG parece desenhado para afastar de forma intencional milhares de sócios destas eleições”, afirmou Luís Filipe Vieira, em carta enviada hoje aos sócios, a que a Lusa teve acesso.

A Mesa da Assembleia Geral (MAG) do Benfica divulgou no início de setembro o projeto de regulamento eleitoral aprovado pela direção do clube lisboeta, que contempla a possibilidade de voto eletrónico e tem sido contestado por alguns candidatos às eleições de 25 de outubro. A proposta da direção presidida por Rui Costa, que o presidente da MAG, José Pereira da Costa, defendeu que “assegura e reforça a participação universal dos sócios do clube”, será votada em 27 de setembro e, caso seja aprovada, entrará em vigor a 1 de outubro.

O regulamento eleitoral já tinha sido criticado por João Diogo Manteigas e João Noronha Lopes, candidatos à presidência do clube da Luz, e, hoje, Luís Filipe Vieira acusou mesmo José Pereira da Costa de falta de isenção e de “fazer o clube refém de regras eleitorais dúbias, pouco transparentes e que procuram afastar os sócios”.

“O Benfica sempre foi e sempre será dos benfiquistas. A força do nosso clube está nos seus sócios e adeptos. Não podemos aceitar que se manipulem regras para limitar a democracia interna ou para calar vozes incómodas. É algo que atenta contra a essência do Benfica: a liberdade e a participação dos seus sócios”, assinalou.

Luís Filipe Vieira, de 76 anos, liderou o Benfica durante 17 anos, entre outubro de 2003 e junho de 2021, deixando o cargo devido ao envolvimento na operação Cartão Vermelho. Vieira qualificou o próximo ato eleitoral de decisivo, num “tempo de incerteza, em que a debilidade financeira se cruza com a perda de ambição desportiva”.

“Nos últimos quatro anos ganhámos em dívida o que perdemos no capítulo desportivo. Gastámos como nunca sem o retorno correspondente. É importante que todos os benfiquistas compreendam que este é o retrato atual do clube: um retrato de fragilidade financeira, disfarçado por resultados ocasionais, que escondem a realidade estrutural”, denunciou.

O antigo líder encarnado deixou também uma advertência ao treinador Bruno Lage, que também desempenhou o cargo durante a presidência de Luís Filipe Vieira e disse ter sido ouvido pela primeira vez pela direção do clube relativamente à contratação de futebolistas, no último período de transferências.

“No passado, tal como no futuro, temos de cuidar e promover a nossa formação. Um treinador do Benfica — qualquer um — que queira ter palavra no mercado, deve aproveitar o que de melhor temos na nossa formação, e temos! É essa aposta na formação que garante sustentabilidade desportiva e financeira, que nos distingue e que deve ser o pilar do nosso futuro”, observou.

Rui Costa, atual presidente, Luís Filipe Vieira, João Noronha Lopes, João Diogo Manteigas, Cristóvão Carvalho e Martim Mayer são os candidatos à liderança do Benfica nas eleições para o quadriénio 2025-2029, marcadas para 25 de outubro.