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A casa às costas

“No Moreirense, o filho do presidente disse-me: ‘O meu pai ligou-me a dizer que temos que trocar o mister, não lhe sei dizer porquê’”

João Henriques saiu em outubro do Olimpija Ljubljana não pelos resultados, mas devido a não pôr a jogar reforços que o clube contratou, sem o consultar e que, garante, não acrescentavam nada à equipa. O treinador, que trabalhou nos Emirados na equipa técnica de José Peseiro, deu nas vistas no Santa Clara, passou pelo Vitória, Moreirense e Marítimo sem conseguir terminar as épocas, confessa que um dia gostava de jogar a Premier League e que é um homem dos sete ofícios

Rui Oliveira

O convite para ir para os Emirados Árabes Unidos em 2014/15, surgiu através de quem?
O José Peseiro nessa época em que estive no CD Fátima tinha ido para os Emirados. As coisas correram-lhe bem e na segunda época tem abertura para levar mais treinadores para fazer uma equipa técnica alargada e dividir esses treinadores também pela equipa B. Ele convidou o José Vasques, que me convidou e ao Paulo Leitão.

Foi uma experiência completamente diferente da Arábia Saudita?
Completamente, até porque estávamos muito próximos do Zé Peseiro e de toda a equipa técnica, trabalhávamos juntos. A equipa responsável pela equipa B era o José Vasques, eu, o Paulo Leitão e o Vítor Peseiro, filho do Zé Peseiro. Foi uma experiência diferente. Estávamos com os sub-23, onde podiam jogar três jogadores acima dos 23 anos. Já lidávamos, no fundo, com seniores, era uma situação completamente diferente.

Os jogadores são também muito diferentes?
O jogador saudita é melhor jogador do que o dos Emirados. Estamos a falar de um país, a Arábia, muito maior, que tem outra fonte de recrutamento. Há menos jogadores nos Emirados. Os bons jogadores resumem-se àqueles jogadores que são selecionáveis, os outros já são de um grau de qualidade bem mais reduzido. Por outro lado, nos Emirados, os jogadores não precisam do futebol para nada, têm dinheiro suficiente para viver muito bem, enquanto na Arábia Saudita os jogadores que vêm de determinadas regiões precisam de vingar para terem capacidade financeira. É diferente.

Era apenas um ano de contrato?
Sim. Fizemos um ano completo, correu muito bem desportivamente, fomos vice-campeões nos sub-23.

A expectativa era continuar?
A nossa expectativa estava ligada a José Peseiro. Quando ele saísse, saíamos. O Peseiro saiu em janeiro, salvo erro, e não nos deixaram sair, o Zé também não, até porque tinha lá o filho na equipa técnica. Quis que continuássemos até final da época. O Paulo a meio veio para o Sporting novamente. Fiquei só eu, o Vasques e o Vítor Peseiro, fizemos as coisas direitinhas, terminámos a época e viemos embora.

A casa às costas