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A casa às costas

“Na Arábia, o psicólogo, para justificar uma perda de bola de um jogador da minha equipa de sub-15, disse: ‘Too much masturbation’”

João Henriques, 51 anos, jogou como avançado no União de Tomar, mas o feitio perfecionista e o facto de perceber que havia melhores que ele levou-o a optar pelos estudos e pelo treino. Começou por treinar camadas jovens e foi convidado para adjunto de equipas da distrital, antes de se tornar treinador principal, acumulando sempre com o papel de professor de Educação Física. Até que foi convidado para um projeto no Al-Ahli da Arábia Saudita, onde viveu várias peripécias que conta neste Casa às Costas

Rui Oliveira

É de Tomar. Comece por apresentar a família onde nasceu.
O meu pai é natural de Tomar e esteve ligado ao pronto-a-vestir, como se dizia antigamente. A minha mãe era cabeleireira. Tenho um irmão quatro anos mais novo. Estudei em Tomar até ir para a Faculdade de Motricidade Humana, em Lisboa.

Foi uma criança sossegada?
Não propriamente, parti muitas vezes a cabeça porque era muito aventureiro, mas são as coisas naturais das crianças.

O que dizia querer ser quando crescesse?
Sempre estive envolvido no mundo do futebol porque o meu pai era diretor do União de Tomar e o meu padrinho de batismo era jogador do clube e depois passou a ser treinador. O meu avô materno era enfermeiro da equipa do União de Tomar. Nasci dentro desse meio. Mas não tinha noção, nem dizia querer ser jogador de futebol como hoje os miúdos dizem.

Gostava da escola?
Sim, até porque na escola tinha muitos amigos e participava em todas as atividades, nomeadamente as desportivas. Tanto na escola, como fora. Como os meus pais trabalhavam, tentaram sempre manter-me ocupado, por isso, além da escola, tive formação musical, praticava outros desportos, como natação, ao fim de semana tinha a atividade dos escuteiros, e eu gostava dessas atividades todas, até que optei mais pelo futebol. Estou grato por todas aquelas atividades porque me deu várias ferramentas para ser o que sou hoje.

Em casa torcia-se porque clube?
A minha família é toda do Sporting e naturalmente fui atrás, mas a partir do momento em que passei a ser treinador as coisas foram dissipando.

E ídolos, tinha?
Como jogava a avançado, gostava muito do Manuel Fernandes, do Jordão, e de toda aquela seleção de 84, do Chalana.

A casa às costas